UMA REFLEXÃO SOBRE O FLUXO DO INVESTIDOR ESTRANGEIRO NOS ÚLTIMOS MESES

No dia 30/11/2020, em nosso artigo “Mudanças de fluxo!”, chamávamos a atenção para um importante redirecionamento no fluxo dos investimentos, principalmente dos investidores estrangeiros, em função de uma mudança importante no cenário mundial, com a eleição do Presidente Democrata, Joe Biden nos EUA e a vacinação contra o vírus da Covid-19 tornando-se realidade muito próxima.

“O mercado também mudou naquele dia e um fluxo gigantesco de investimento foi derramado sobre os mercados emergentes de forma generalizada. Aqui no Brasil, nomes castigados consistentemente nos últimos meses, passaram a ser demandados pelos investidores estrangeiros.” 

Parecia que o investidor estrangeiro estava voltando com tudo e assim foi até o dia 14/01/2021 quando o EWZ fez o seu topo em 2021, ao redor USD 39,00. O fluxo de investimento estrangeiro acumulado na B3 atingiu seu pico perto do dia 15/02/202, atingindo aproximadamente USD 28 bilhões, mas sem que o EWZ fizesse novas máximas. Do topo até sexta feira dia 09/04/2021 o EWZ recuou para USD 33,50 e o fluxo de investimento estrangeiro para um acumulado de USD 13 bilhões, ou seja o estrangeiro levou embora aproximadamente USD 15 bilhões em pouco menos de 60 dias!

Muitas são as razões para essa retirada, entre elas a alta nos juros de 10 anos nos EUA, com maior risco de inflação e principalmente a constante de problemas políticos vindos de Brasília. Entretanto, nosso objetivo aqui é tentar concluir por onde andou esse fluxo de entrada e saída dos investidores estrangeiros e suas implicações no Mercado de Ações Brasileiro.

 “A ordem foi comprar países emergentes e entre eles Brasil e, como não podia ser diferente, a demanda veio no EWZ, em que o peso das ações dos grandes bancos, de Petrobras e Vale, é semelhante ao do Ibovespa.”

Como mencionamos em novembro, o fluxo positivo do estrangeiro veio para Petrobrás, Itau, Bradesco e Vale, sendo que a última já vinha muito demandada por conta da alta das commodities em pleno ciclo de expansão. Do fundo, em 30 de outubro de 2020, ao topo, em 14 de janeiro de 2021, o ADR de Bradesco subiu 58,82%, do Itaú 59,15%, da Petrobras 75,7% e da Vale 82,80%, contra 46,60% do EWZ. Ou seja, as Blue Chips comandaram, de longe, a alta no IBOVESPA, com o fluxo positivo de investimento estrangeiro em franca expansão.

De 14 de janeiro de 2021 até sexta dia 09/04/2021, com a inversão do fluxo em fevereiro, o ADR de Bradesco caiu 18%, do Itaú 25,82%, da Petrobras 29,14% e da Vale ficou praticamente estável, contra 14,38% de queda no EWZ, ficando claro desta vez que quem puxou a baixa foram bancos e Petrobrás, com os estrangeiros em franca debandada.

Trazendo para a realidade do IBOVESPA, bancos e Petrobrás tem uma participação conjunta de aproximadamente 22% no índice. Uma recuperação dessas empresas, com uma eventual volta ao topo, adicionaria alguns milhares de pontos ao nosso IBOVESPA! Mas, como vimos acima, tudo depende da volta ou não dos investidores estrangeiros para nossas ações.

A constatação dessa movimentação concentrada nas Blue Chips que compõem o EWZ, por parte dos investidores estrangeiros, nos leva a concluir que, por hora, se o fluxo do investidor estrangeiro for positivo, bancos e  Petrobrás deverão performar melhor que o IBOVESPA. Se esse fluxo continuar negativo, essas empresas seguirão performando pior que o IBOVESPA. 

Finalmente, também podemos concluir que estamos em uma fase inicial do movimento de alta das ações aqui no Brasil. Apesar de toda a turbulência que vivemos hoje, e pensando no médio e longo prazos, ainda veremos uma alta expressiva das Blue Chips, se e quando o estrangeiro voltar. Nessa fase, algumas empresas líquidas, porém menos expressivas, também vão se destacar.

Em seguida, e os poucos, na medida em que a confiança do investidor estrangeiro voltar, o fluxo deverá migrar para as Middle e Small Caps quando veremos as maiores distorções.

Seguiremos acompanhando.

EVOLUÇÃO DO EWZ  E FLUXO DE INVESTIMENTO ESTRANGEIRO NO BRASIL EM 2021