TRUMP X BRASIL: O QUE ESTÁ EM JOGO?

Trump assina ordem executiva com impacto direto no comércio exterior

Donald Trump assinou nesta terça-feira (30) uma nova ordem executiva que eleva para 50% o total de tarifas sobre produtos brasileiros. A medida, amparada no International Emergency Economic Powers Act (IEEPA), declara uma “emergência nacional” e adiciona 40 pontos percentuais ao que já era uma tarifa de 10%. A decisão marca uma virada dura na retórica diplomática entre Brasil e Estados Unidos e tem implicações que vão além do comércio exterior.

Justificativa dos EUA aponta o Brasil como ameaça à segurança nacional

A justificativa oficial é ampla e politicamente sensível: segundo Washington, o Brasil representa uma ameaça à segurança nacional, à economia e à política externa dos EUA. No centro da questão está o embate entre autoridades brasileiras e empresas americanas de tecnologia — como X (ex-Twitter), Google e Meta — que teriam sido pressionadas a remover conteúdos, entregar dados e alterar suas políticas sob pena de sanções. O texto também denuncia o que considera perseguição a figuras políticas e cidadãos americanos, o que levou à aplicação inédita da Lei Magnitsky a magistrados brasileiros.

Aplicação inédita da Lei Magnitsky ao Brasil

Essa legislação é tradicionalmente usada contra regimes autoritários acusados de violações graves de direitos humanos. Sua aplicação a um país como o Brasil — uma democracia institucionalmente consolidada — acende um alerta no campo diplomático. O uso da lei nesse contexto sinaliza uma mudança de tom: os Estados Unidos estão dispostos a escalar pressões mesmo com aliados estratégicos.

Consequências econômicas imediatas da medida

No plano econômico, o movimento tem efeito imediato: o Brasil não conseguiu um acordo bilateral com Washington dentro do prazo-limite de 1º de agosto e acabou incluso na alíquota máxima, ao lado de países como China e Rússia. Japão e União Europeia, por outro lado, conseguiram costurar exceções antes da data, o que evidencia a janela que havia para negociação.

Setores mais afetados pelas novas tarifas americanas

Apesar da retórica dura, houve exceções importantes. Produtos estratégicos para os EUA — como fertilizantes, celulose, minério de ferro, peças aeronáuticas e suco de laranja — ficaram de fora. Já outros itens relevantes para o Brasil entraram diretamente no alvo das novas tarifas: carnes, café, pescado, etanol e materiais elétricos (não ligados à aviação) agora são tarifados em 50%. Aço e alumínio permanecem com tarifa de 50%, veículos e autopeças mantêm 25%, e o cobre teve aumento recente para 50%.

Impacto sobre o agronegócio e a indústria nacional

O impacto é considerável. O agronegócio brasileiro tende a ser um dos setores mais atingidos, especialmente nas exportações de proteína animal e etanol, áreas nas quais o Brasil é altamente competitivo. A indústria de bens intermediários e de energia também deve sentir os efeitos, com empresas sendo obrigadas a buscar novos mercados ou rever margens.

Ambiente político e risco institucional aumentam

Chamou atenção o tom agressivo do comunicado americano, que vai além de uma política tarifária. Há uma crítica institucional clara, direta e personalizada — algo pouco comum em relações entre democracias ocidentais. Essa postura gera ruídos adicionais ao ambiente de negócios no Brasil, aumentando a percepção de risco jurídico e político, especialmente para empresas estrangeiras que atuam no país.

Geopolítica passa a influenciar diretamente o ambiente de negócios

A leitura, para nós, é de um movimento que combina política externa, disputas comerciais e tensões ideológicas. Mesmo que as tarifas sejam parcialmente revertidas no futuro — cenário possível mediante distensão diplomática — a sinalização já foi dada: os EUA estão dispostos a adotar medidas unilaterais e contundentes sempre que considerarem seus interesses ameaçados, mesmo em frentes não econômicas.

O que investidores devem considerar agora

Nesse contexto, investidores precisam estar atentos. A medida impacta diretamente exportadores brasileiros, pressiona o câmbio e pode afetar os termos de troca do Brasil. Além disso, expõe o país a um escrutínio internacional mais severo — com reflexos sobre fluxo de capitais, custo de financiamento e decisões estratégicas de multinacionais.

Análise geopolítica ganha protagonismo nos relatórios econômicos

Em tempos de protecionismo, conflito comercial e tensão institucional, a análise geopolítica deixou de ser um anexo dos relatórios econômicos. Ela é parte central de qualquer avaliação de risco — e peça-chave para decisões de alocação.


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Publicado por

Bernardo Gomes Lamas de Carvalho

Partner & Investment Analyst at Santa Fé Investimentos


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Equipe Santa Fé