Sexta feira, 19 de novembro de 2021, mais uma semana de muito pessimismo com os ativos brasileiros. Foram quatro dias de alta no Dólar, juros próximos a 12% aa sem maiores refrescos e, apenas hoje, o Ibovespa conseguiu fechar com uma ligeira alta. Cenário de terra arrasada! Pertinente a analogia ao Livro do Apocalipse de São João na Bíblia que relata passagens do fim do mundo. Também semelhante ao retratado no épico filme “Apocalipse Now” que mostra os horrores da Guerra do Vietnam e principalmente os efeitos que a guerra é capaz de causar na mente humana.
Sim, um movimento tão agressivo de baixa também é capaz de causar efeitos importantes na mente dos investidores! Hoje li um post do Bredda, gestor do Alaska que aborda com muita propriedade o que está passando pela cabeça dos investidores nesse momento.
“Muitas pessoas físicas vendem suas ações de empresas brasileiras, seja diretamente em bolsa ou indiretamente via pedidos de resgates nos fundos, pois elas estão com medo das eleições de 2022, medo do risco fiscal, medo do próximo governo estourar o teto de gastos e ser irresponsável nas despesas públicas etc.
Por estarem com medo do governo essas mesmas pessoas pegam seu dinheiro, que tem prejuízos acumulados na bolsa, e decidem realocar o grosso desse recurso em títulos públicos, usados para financiar um Estado em que elas mesmas não confiam e tem medo de quem será o próximo presidente.”
Irracionalidade levada ao extremo, efeito causado pela guerra financeira que vivemos na mente das pessoas.
Resumindo os investidores estão se desfazendo de suas empresas que em sua maioria estão apresentando resultados muito bons para comprar títulos de um governo em que não confiam e que está sendo obrigado a pagar juros altíssimos, que se permanecerem nesses níveis por muito tempo se tornarão impagáveis.
É verdade que tivemos muitos excessos, IPOs de empresas inconsistentes e em volumes exagerados e inclusive respaldados por gestores renomados, mas as boas empresas brasileiras mostraram muito vigor nessa última temporada de resultados, e o cenário que vemos hoje de terra arrasada nos parece uma distorção sem precedentes.
Muitos zombavam dos investidores estrangeiros em 2020 que vendiam Brasil sem parar para os investidores pessoa física que pareciam ter um apetite infindável, eu mesmo pensei que as coisas tinham mudado e que o investidor brasileiro tinha amadurecido, mas bastou o juros voltarem aos dois dígitos para que tudo voltasse a ser como sempre foi, o investidor comum sempre pagando a conta, comprando caro e vendendo barato.
Os investidores estrangeiros já colocaram mais de 60 bilhões de reais em ativos brasileiros esse ano e seguem derramando seus dólares aos poucos, também se aproveitando de um câmbio favorável pela desconfiança e por todo ruído político interno, e, nunca é demais lembrar que em 2020 gringo vendia Brasil pra comprar EUA e pessoa física e gestores locais compravam Brasil. Agora não se escuta outra coisa senão a recomendação de comprar EUA (que sobe perto de 20% esse ano em dólares) e vender Brasil (que cai perto de 20% esse ano também em dólares).
Não sabemos se os investidores estrangeiros estão vendendo suas ações locais para comprar Brasil, pouco provável, mesmo porque ainda há upside lá fora, mas o que sabemos é que estão comprando Brasil e nessa batalha entre gringo e local o vencedor já sabemos quem costuma ser e dessa vez dificilmente será diferente.
O deserto é longo, inóspito, faz muito calor durante o dia e muito frio à noite, tempestades de areia são comuns e dificultam enxergar à frente, mas uma coisa é certa, quem conseguir vencê-lo vai beber água fresca lá na frente.