AURA MINERALS: A CORRIDA DO OURO

A Aura Minerals (AURA33) tem consolidado sua posição no mercado como uma das principais mineradoras do setor, apresentando um crescimento notável que se reflete em uma valorização de suas ações superior a 200% nos últimos 12 meses (Figura 1).

Esse desempenho excepcional vai além de uma mera especulação de mercado; é fruto de uma confluência de fatores estratégicos e operacionais, incluindo um sólido desempenho operacional, a valorização do ouro e do dólar, uma abordagem proativa para crescimento por meio de fusões e aquisições (M&As) e um valuation ainda atrativo, mesmo em meio à recente valorização das ações. Este artigo explora de maneira breve os aspectos mais destacados da Aura Minerals.

Figura 1:

Fonte: TradingView

A Aura Minerals é uma mineradora que atua na extração de ouro e cobre, com foco no desenvolvimento e operação de projetos nas Américas. Com sede em Toronto, no Canadá, a empresa está registrada na Bolsa de Valores de Toronto (TSX) desde 2006 e, como parte de sua estratégia para diversificação do acesso a capital, realizou sua segunda listagem na B3 em 2020. Esse movimento não apenas ampliou suas opções de financiamento, mas também elevou sua visibilidade entre investidores brasileiros e internacionais.

Nos últimos tempos, a valorização do ouro tem sido impulsionada por seu papel histórico como ativo de refúgio em períodos de incerteza econômica e volatilidade geopolítica. À medida que a inflação corrói o poder de compra das moedas fiduciárias, o ouro se impõe como uma reserva de valor confiável. Além disso, bancos centrais de várias economias têm ampliado suas reservas de ouro, adotando posturas mais conservadoras na diversificação de suas reservas internacionais. A volatilidade nos mercados financeiros tem levado investidores a buscar refúgio no ouro, o que contribui para sua valorização contínua.

Atualmente, a Aura Minerals possui um portfólio robusto que abrange não apenas minas operacionais, mas também projetos em diversas etapas de desenvolvimento, diversificando assim seus riscos e assegurando um potencial de crescimento sustentado. Entre as principais propriedades em operação, destacam-se a mina Aranzazu, no México, e a mina Minosa, em Honduras, que têm contribuído significativamente para a produção de cobre e ouro. No Brasil, as minas Apoena e Almas são essenciais para a estratégia de produção da empresa, proporcionando uma base sólida para um crescimento sustentável (Figura 2). Essa diversidade no portfólio não apenas assegura uma linha de produção estável, mas também posiciona a empresa para se beneficiar de diferentes condições de mercado e dinâmicas da indústria, consolidando sua posição como um player estratégico nas Américas.

Figura 2:

Fonte: RI da empresa

A companhia tem se destacado por um crescimento consistente na produção de ouro e cobre, o que a coloca em uma posição favorável em relação aos concorrentes do setor. A recente entrada em operação do projeto Borborema, juntamente com o avanço significativo nas iniciativas Matupá e Cerro Blanco, promete proporcionar um aumento expressivo na capacidade produtiva nos próximos anos. As projeções indicam que a produção pode ultrapassar 450.000 onças de ouro equivalente (kGEO) em um futuro próximo, consolidando a Aura Minerals como um player relevante no setor mineral global (Figura 3).

Figura 3:

Fonte: RI da empresa

A estratégia de M&As tem sido um pilar central na busca da Aura por aceleração do crescimento e maximização do valor para os acionistas. A aquisição da Bluestone (Cerro Blanco) exemplifica essa abordagem, permitindo à empresa expandir seu portfólio e acessar novos recursos e tecnologias que potencializam suas operações.

Embora a valorização das ações tenha sido expressiva, a Aura Minerals ainda apresenta uma avaliação atrativa em comparação com outras empresas internacionais do setor de mineração. Seu P/NAV (Preço/Valor Patrimonial Líquido) é consideravelmente inferior à média do setor, negociando a 0,5x contra 0,9x da média, indicando um potencial significativo de reavaliação por parte do mercado (Figura 4).

Figura 4:

Fonte: RI da empresa

A política de distribuição de dividendos da Aura Minerals reflete seu compromisso em proporcionar retorno aos acionistas. A empresa tem mantido uma distribuição consistente, sustentada por uma sólida geração de fluxo de caixa livre. Esse saldo saudável permite não apenas a continuidade dos pagamentos aos acionistas, mas também a também a alocação de recursos significativos para investimentos em projetos de crescimento, o que a diferencia de seus pares no setor.

Além disso, a empresa está considerando uma listagem na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE) como parte de sua estratégia para garantir maior liquidez e valorizar suas ações no mercado. Essa iniciativa reflete a crescente preocupação da empresa em abordar a questão da liquidez, que tem sido um desafio importante. Ao acessar o mercado americano, a Aura espera ampliar a visibilidade entre investidores internacionais e atrair novos capitais, o que poderia facilitar o financiamento de seus projetos em curso e futuros investimentos de crescimento.

Embora o panorama para a Aura Minerals seja otimista, é fundamental que investidores compreendam os riscos associados a esse business. As flutuações nos preços do ouro e do cobre, a conjuntura econômica global e eventos geopolíticos podem impactar diretamente os resultados financeiros da empresa. Além disso, a Aura Minerals enfrenta riscos operacionais significativos, incluindo possíveis problemas de produção nas minas, atrasos em projetos e eventos imprevistos que podem afetar tanto a produção quanto o cronograma das atividades. Mudanças na legislação ambiental e novas exigências regulatórias também representam desafios que podem impactar suas operações e a capacidade de expansão. Por último, a habilidade da Aura Minerals para executar com sucesso seus planos de crescimento e suas fusões e aquisições será crucial para cumprir suas metas de longo prazo.

Em suma, a Aura Minerals se posiciona como uma empresa com um considerável potencial de crescimento e uma trajetória positiva. A combinação de um desempenho operacional sólido, a valorização do ouro, uma estratégia de crescimento bem delineada e um valuation atrativo torna suas ações particularmente interessantes para investidores de longo prazo.

Publicado por

Ricardo Leite Franco Filho

Partner & Investment Analyst at Santa Fé Investimentos


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