Grande parte das empresas do setor de varejo no Brasil vivenciam o período de alta sazonalidade no quarto trimestre, devido à chegada do verão e celebrações como o natal e confraternizações de final de ano. Além desses eventos, a Black Friday, dia em que lojistas realizam uma série de promoções para atrair compradores, acontece na sexta-feira, após o dia de ações de graças nos Estados Unidos (próximo ao fim de novembro). Este evento foi usado pela primeira vez no Brasil como estratégia de vendas em 2010 e, desde então, vem se tornando cada vez mais popular entre as varejistas no Brasil. Ao longo dos anos, o conceito do evento tem passado por mudanças, como o alongamento do prazo de duração das promoções e incentivos para seus clientes, além da data em questão (sexta-feira).

No gráfico abaixo, pode-se observar o impacto do período de alta sazonalidade na receita bruta de algumas empresas do varejo, listadas na B3, que costumam utilizar essa estratégia de vendas e atuam principalmente através do e-commerce.

De acordo com a pesquisa realizada pela PiniOn, com 1.663 entrevistados em todo o país, solicitada pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP), dois em cada cinco brasileiros pretendem antecipar as compras de natal para usufruir das ofertas e descontos oferecidos em produtos na Black Friday. Sobre o potencial volume financeiro gasto pelos entrevistados que planejam realizar compras no período, 44,7% pretendem gastar mais do que em 2021, enquanto 24,7% desejam gastar menos do que no ano passado. Em relação à forma de compra e tipo de instituição varejista de preferência, notou-se que 55,7% dos entrevistados têm intenção de realizar suas compras de forma remota, via computador, celular ou tablet, e 62,6% dos participantes pretendem adquirir produtos em grandes redes do varejo.

Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens (CNC), as vendas da Black Friday devem alcançar R$ 4,21 bilhões em 2022, indicando um aumento real de 1,1% (descontando o efeito da inflação) em relação ao ano passado. Uma vez que esse resultado se concretize, será o maior valor financeiro movimentado desde o primeiro ano em que a data foi adicionada ao calendário (2010).

Abaixo pode-se observar a distribuição do faturamento dos segmentos do comércio, nas vendas da Black Friday em 2022, segundo a pesquisa realizada pela CNC:

Outro evento importante que acontecerá no quarto trimestre deste ano e deve beneficiar as varejistas, é a Copa do Mundo de futebol no Catar. Diferente das demais copas realizadas no passado, que ocorreram entre o segundo e terceiro trimestre (junho e julho), a Copa do Mundo este ano começa no domingo (20/11) anterior à Black Friday (25/11). Com isso, as varejistas devem aproveitar a proximidade entre as datas dos eventos para impulsionar a venda de eletrodomésticos e produtos temáticos. Uma pesquisa realizada em parceria entre a Nielsen e Toluna (instituições de pesquisa) com dois mil brasileiros em julho de 2022, mostrou que 50% dos brasileiros pretendem fazer compras na Black Friday para acompanhar a Copa do Mundo.

No segmento de vestuário e acessórios, empresas como o Grupo SBF, dono da Centauro e Fisia (distribuidora oficial da Nike no Brasil), deve se beneficiar da venda de camisas oficiais das seleções nacionais, bolas de futebol e demais artigos esportivos. Já as varejistas digitais, como a Magazine Luiza, Lojas Americanas e Via, dona das Casas Bahia e Ponto Frio, devem apresentar aumento na venda de eletrodomésticos, como televisões, aparelhos de som e outros produtos utilizados para acompanhar os jogos da Copa.

Além dos segmentos do varejo citados acima, o segmento de varejo alimentar, como supermercados e cervejarias, que muitas vezes são adeptos a promoções da Black Friday, também devem aproveitar a proximidade dos eventos para aumentar o faturamento no período. O Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv) projeta que haja um incremento de, aproximadamente, 8% no consumo da bebida neste ano, em relação à 2021, devido ao acontecimento da Copa do Mundo no verão e próximo as festas de fim de ano.

Publicado por
Pedro Massi de Brito
Partner & Investment Analyst at Santa Fé Investimentos