Quando, há 65 anos atrás, a “Vó Guiga” começou a dedicar tempo, esforços e recursos para apoiar a formação emocional e intelectual de centenas de crianças no “LAR da Benção Divina”, de certo não imaginava que as sementes de seu trabalho iriam reverberar, décadas mais tarde, na estratégia de negócios da Santa Fé Investimentos, criada pela 2ª geração da família no ano de 1970
O LAR é uma entidade filantrópica que atua junto a comunidades em situação de vulnerabilidade na zona sul de São Paulo, beneficiando centenas de famílias, oferecendo para um público com poucas condições de acesso o contato com práticas esportivas e culturais de extrema qualidade, contribuindo para o progresso individual e coletivo, num exercício de inserção social e de formação do cidadão. Uma das maiores virtudes do LAR é oferecer a oportunidade para que crianças e jovens “expressem seus próprios talentos”, ao que o Prêmio Nobel de Economia Amartya Sen define como o verdadeiro sentido do desenvolvimento. Em 2019, no ápice de suas conquistas, crianças e jovens empoderados e apoiados pelo Lar da Benção Divina levaram música a uma das casas de Concertos mais prestigiadas do Brasil, a Sala São Paulo (OSESP).
O fio que conecta a Vó Guiga à 4ª geração que já integra a Santa Fé investimentos, vivendo em tempos tão distantes e tão distintos, é o conjunto de princípios e valores enraizados no “modus operandi” dos membros da família, que sempre se preocupou em gerar resultados de impacto para a sociedade, para além dos resultados financeiros da gestora.
Nos últimos 15 anos, num mundo em constantes transformações e pressionado pela crença das mudanças climáticas, princípios e valores que reconhecem a importância de o setor privado gerar lucro associado ao impacto positivo à sociedade, vêm sendo cada vez mais valorizados por investidores, que não aceitam mais apenas o retorno financeiro dos seus investimentos. O termo que vem chacoalhando a dinâmica dos investimentos é grandioso se comparado à sigla que o define: ESG. A Governança Ambiental, Social e Corporativa (ESG) refere-se aos três fatores centrais na medição da sustentabilidade e do impacto social de um investimento em uma empresa ou negócio. Refere-se a um conjunto de padrões para as operações de uma empresa que os investidores socialmente conscientes usam para avaliar seus investimentos potenciais.
O interesse dos investidores em ESG e produtos de investimento sustentável já vem ganhando impulso há anos. Segundo pesquisa da Refinitiv[1], aplicações em fundos ambientais, sociais e de governança (ESG) somaram US$ 36 bilhões apenas no primeiro trimestre de 2020. Nos Estados Unidos a Morningstar divulgou um total de quase USD 10 bilhões direcionados para fundos mútuos sustentáveis e para ETFs no 1T20, o que já representa mais da metade do valor para todo o ano de 2019[2]. No atual cenário de crise sanitária, fundos que investem em empresas com base em critérios ESG têm funcionado como refúgios “relativamente seguros”. De 17 fundos analisados pela S&P Global Market Intelligence, 14 apresentaram desempenho superior – dois tiveram ganhos e 14 tiveram quedas inferiores ao S&P 500 (que caiu 11,4% durante o período estudado)[3]. Um excelente artigo do JP Morgan[4] mostra como a perda de receitas das empresas e a necessidade de se reorganizar com agilidade tem recompensado o que chamam de “estratégias defensivas de alocação de capital”, pois o nível de caixa no balanço, de repente, se tornou uma métrica mais interessante para os investidores do que o dividend yield – que em muitos casos será reduzido de qualquer maneira devido à queda no lucro e/ou a pressões regulatórias. Como resultado, as empresas com pontuações mais altas em governança tiveram um desempenho muito melhor do que seus pares, globalmente. O índice MSCI World Governance Quality caiu 5% no acumulado do ano, e o MSCI World caiu 10%”.
Um dos grandes desafios dessa “Caminhada ESG” no setor financeiro é criar uma linguagem comum que os investidores possam utilizar ao investir em projetos ESG, reduzir a fragmentação que resulta das iniciativas baseadas no mercado e reduzir o “greenwhasing”, ou seja, a prática de dizer que se investe em empresas sustentáveis, quando na realidade não cumpre normas básicas. Uma regra central do jogo para evitar que um termo que carrega tanta beleza seja usado apenas como vitrine, é que os indivíduos que abraçam o desafio do ESG nas organizações, e seus líderes, se ancorem em princípios e valores genuínos, reconhecendo que os aspectos ESG não são algo vago, distante e que “está na moda”, mas algo que fortalece a resiliência de nossas sociedades e empresas.
Para a Santa Fé Investimentos, os desafios de se incorporar dados e estratégias ESG robustas aos processos de investimento são grandiosos, dada a complexidade do tema. Porém, esses desafios soam tão belos no ouvido como foi a música levada pelas crianças e jovens apoiados pelo LAR à Sala São Paulo. E quando o motor propulsor são princípios e valores genuínos que valorizam o impacto positivo na sociedade, para além de métricas financeiras, as lições foram aprendidas desde a época da Vó Guigua – que com certeza estaria muito orgulhosa de ver os seus sustentando e ampliando essa “Caminhada ESG”, tantas décadas depois.
Nos próximos meses, estaremos compartilhando com todos o passo-a-passo, as conquistas e os desafios da nossa “Caminhada ESG” na Santa Fé Investimentos.
[1] https://www.refinitiv.com/pt/blog/future-of-investing-trading/a-crescente-importancia-do-investimento-em-esg-para-a-gestao-patrimonial/
[2] https://am.jpmorgan.com/br/pt/asset-management/adv/esg-hub/covid-19-shows-esg-matters-more-than-ever/
[4] https://am.jpmorgan.com/br/pt/asset-management/adv/esg-hub/covid-19-shows-esg-matters-more-than-ever/