A educação financeira não faz parte do currículo escolar no Brasil, e acho que em nenhum país que conheço. Deveria fazer, dada a importância que o tema terá ao longo da vida dos nossos filhos. Ensina-los a ter uma disciplina financeira e investir desde cedo é um dever dos pais, principalmente no meu caso, que sou um Gestor de Fundos e faço isso para meus investidores.
Sempre acreditei que tinha que criar os filhos para serem meus sucessores e não herdeiros e, portanto, dar a eles a oportunidade de cursarem as melhores escolas, cobrando disciplina nos estudos. Fazer com que trilhassem seus próprios caminhos, por seu próprio mérito, sem dar-lhes as coisas de “mão-beijada”, sempre fez parte da nossa cultura familiar.
E com a educação financeira não foi diferente. Quando crianças, nunca demos a eles tudo o que queriam. Tiveram uma infância bacana, muitas viagens, brinquedos, vídeo games, mas também muito estudo, muita cultura, museus, inglês, natação, muito esporte e saúde sempre.
Quando completaram a maioridade e puderam ter seus cartões de crédito ( ainda como meus dependentes ) e também suas contas bancárias, ensinei que tinham sempre que pedir a “sua via” das despesas pagas no cartão e me prestar contas de tudo que gastassem, no vencimento. Combinei uma “mesada” e nela embuti uma reserva para aplicação mensal no Santa Fé Aquarius FIM, o veículo de investimento da nossa família. Todo mês, além de fiscalizar as despesas no cartão de crédito deles, e fazer os devidos descontos na mesada ( o cartão não era ilimitado, as despesas particulares deles como baladas, jantares, etc … eram devidamente descontadas da mesada no mês seguinte ) eu cobrava a aplicação mensal que eles mesmos faziam no Fundo. Isso foi assim até que eles comprassem a ideia e incorporassem na sua rotina financeira. Com o tempo não foi mais necessário cobrar e nem fiscalizar, eles criaram gosto por investir e ver o dinheiro deles render. Haviam aprendido a importância de se ter disciplina e investir parte do seu dinheiro para o futuro.
Mas não parei por aí … sempre acreditei que as empresas bem geridas, com alto potencial de crescimento futuro, líderes de seus setores, são a melhor forma de rentabilizar o patrimônio do investidor a longo prazo. Então eu precisava ensina-los a investir em ações ! Foi aí que tive a ideia de montar uma Carteira de Ações para eles, que chamei de “Carteira KIDs” e criei um grupo de WhatsApp onde ia discutindo com eles sobre as ações das empresas que íamos comprando e sempre estimulando para que eles também dessem suas opiniões e esclarecessem suas dúvidas. Todo mês eles recebiam por e-mail a Carteira e um resumo da performance, o que eu fazia com uma alegria enorme. Foi num período de Bolsa em alta, com muita informação e uma interação muito rica e educativa para a família toda !!! Os resultados foram aparecendo e eles foram gostando, até que um dia o Gabriel me mostrou um estudo que ele mesmo tinha feito sobre Sinqia, provando para mim que a empresa valia a pena ser comprada por nós … Isso me encheu de orgulho e alegria. Realmente fizemos uma posição em Sinqia e ganhamos mais de 100% no papel, o que despertou de vez neles o gosto pelo mercado e a consciência de que o Mercado de Ações era um bom investimento a longo prazo !!! Depois de Sinqia vieram outras como Eneva, Notredame Intermédica, Gol, Banco do Brasil e algumas mais.
Dever de pai cumprido. A Carteira KIDs foi incorporada ao Santa Fé Scorpius FIA, nosso Fundo de Ações, relançado em Janeiro deste ano, com as Carteiras Administradas da Santa Fé. Hoje os dois investem regularmente suas economias nos dois Fundos Santa Fé. Isabella é advogada formada nas Arcadas do Largo de São Francisco e o Gabriel está no último ano de Engenharia Civil na Escola Politécnica da USP e já está trabalhando conosco na Santa Fé Investimentos. Ambos brilhantes profissionais, bem formados, investidores disciplinados e que serão, um dia, meus sucessores nos negócios da família. E, como pai, posso hoje dizer que não existe nada mais gratificante do que ver os filhos bem encaminhados! Serão, com certeza, melhores do que eu porque essa é a nossa grande missão na vida: criar os filhos para que eles sejam melhores do que nós fomos, cada qual seguindo firme o seu caminho.