DO CAMPO À CARTEIRA: COMO A SANTA FÉ INVESTE NO AGRO

O agronegócio é um dos pilares da economia brasileira, chegando a contribuir com até um terço do PIB do país e gerando milhões de empregos diretos e indiretos, além de produzir alimentos para o Brasil e o mundo. Dada a sua relevância econômica, o agronegócio apresenta-se como uma área de grande interesse para investidores que, no entanto, muitas vezes não sabem como investir no setor.
Produtos e oportunidades para investir no Agro
O Agro origina uma variedade de produtos para todos os perfis de investidor. Títulos de renda fixa com incentivos fiscais para pessoas físicas, como por exemplo CRAs (Certificado de Recebimento do Agronegócio) e LCAs (Letra de Crédito do Agronegócio), são ideais para os investidores mais conservadores. Já para investidores que toleram um pouco mais de risco em busca de uma maior remuneração, existe uma grande diversidade de Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas do Agronegócio (FIAGROs), bastante similares em funcionamento com os fundos imobiliários (FIIs) mas com foco exclusivo em atividades ligadas ao Agro.
Contratos futuros e hedge no agronegócio
Contratos Futuros das principais commodities agropecuárias, por outro lado, são produtos financeiros mais voláteis, muito utilizada por grandes produtores e consumidores de commodities para fazer hedge, protegendo-os das flutuações dos preços no mercado e garantindo maior previsibilidade para suas operações. Nossos gestores, por também serem produtores rurais, possuem vasta experiência prática na negociação de tais contratos.
Estratégia da Santa Fé: parceria com empresas do Agro
A principal maneira como a Santa Fé investe no agronegócio, no entanto, é tornando-se sócia das principais empresas do setor. Embora essa ideia possa parecer complexa, o processo é relativamente simples: basta adquirir ações dessas empresas listadas nas bolsas de valores. Desta maneira, mesmo sem nenhum envolvimento na operação, a Santa Fé tem direito ao recebimento de proventos sobre os lucros, assim como poderá se aproveitar da valorização de sua participação nas empresas conforme estas crescem. O verdadeiro desafio está em escolher as empresas certas para investir. No jargão do Mercado financeiro, esta estratégia de alocação recebe o nome de Stock Picking.
Stock Picking no Agronegócio
O Stock Picking consiste em ativamente tentar identificar as melhores oportunidades de investimento em busca de obter retornos acima da média do mercado. É importante salientar que esta estratégia não se aplica apenas às empresas do Agronegócio, mas para os fins deste artigo, focaremos especificamente nos papeis deste setor. Não existe uma metodologia padronizada para realizar a escolha das ações a serem investidas. Na Santa Fé, esse processo tem início nos comitês mensais, onde os gestores e analistas definem um Cenário Macro baseado em nossa experiência e análise do mercado. Ele consiste em nossas expectativas para os principais dados econômicos relevantes, como por exemplo juros e inflação, além da influência de fatores climáticos e geopolíticos nos principais setores da economia brasileira e bolsas internacionais. A definição desse cenário é essencial, pois é o que embasa nossa tomada de decisão.
Universo de investimento
Em seguida, é necessário definir um Universo de Investimento, isso é, quais são os papéis que serão analisados como potenciais investimentos. Na Santa Fé, priorizamos a segurança do patrimônio dos cotistas e, portanto, aplicamos nesta etapa alguns filtros como governança e liquidez. Por exemplo, se uma ação tem baixo volume de negociação, preferimos não investir ou limitar a posição. Neste caso específico, nosso universo de investimento será composto apenas pelas ações de empresas relacionadas ao agronegócio e que se enquadram nos filtros da Santa Fé.
Segmentação por setores do Agro
Uma vez definido o universo de investimento, as ações devem ser categorizadas de acordo com seus respectivos segmentos. Quando falamos em Agronegócio, precisamos lembrar que este não é um setor homogêneo, ele abrange áreas distintas, cada uma com seus próprios ciclos e características. Separar as empresas em segmentos específicos é fundamental, já que diferentes segmentos podem reagir de modo diverso a eventos econômicos, enquanto empresas do mesmo segmento tendem a reagir de forma semelhanto. Um exemplo de segmentação das empresas do agronegócio seria:
Produtores Rurais e Landowners: SLC Agrícola (SLCE3), BrasilAgro (AGRO3).
Papel e Celulose: Klabin (KLBN11), Suzano (SUZB3), Celulose Irani (RANI3).
Saúde Animal: Ouro Fino (OFSA3), Zoetis (ZTS34).
Produtores de Proteínas: JBS (JBSS3), Minerva (BEEF3), Marfrig (MRFG3), Brasil Foods (BRFS3).
Logística Agro: Rumo Logística (RAIL3), Hidrovias do Brasil (HBSA3), Vamos Locação (VAMO3).
Bens de Capital Agro: Kepler Weber (KEPL3), Randon (RAPT4), Mahle Metal Leve (LEVE3), Mills (MILS3), Deere & Company (DEEC34).
Açúcar e Álcool: Raízen (RAIZ4), São Martinho (SMTO3), Jalles Machado (JALL3).
Tecnologia Agrícola: Boa Safra Sementes (SOJA3), Agrogalaxy (AGXY3), Mosaic (MOSC34).
Crédito para o Agronegócio: Banco do Brasil (BBAS3), Banco da Amazônia (BAZA3).
Agrindústria e Outros: 3Tentos (TTEN3), Ambev (ABEV3), Cosan (CSAN3), Camil (CAML3).
Análise das ações
Passamos então à etapa mais crítica e desafiadora do Stock Picking: analisar cada ação, buscando quantificar o potencial de valorização das empresas por meio de seus indicadores econômicos relevantes. É essencial entender, ainda que de forma básica, a atividade principal de cada empresa para identificar os indicadores mais relevantes, além dos principais gatilhos e oportunidades de crescimento que permitirão o cumprimento das metas planejadas. No jargão do setor, isso envolve entender o core business da empresa, selecionar os múltiplos de valuation mais adequados e estimar a capacidade da empresa de cumprir seu guidance, determinando, assim, o potencial de valorização (upside) da ação. Esta etapa também demonstra o quanto uma equipe de analistas dedicados e gestores experientes podem fazer toda a diferença na hora de investir!
Confronto com o cenário macro
Agora que nosso universo de investimento está devidamente segmentado e já temos um entendimento das principais atividades de cada empresa, bem como de seus múltiplos relevantes, podemos confrontar esses dados com nosso cenário Macro para identificar oportunidades. Por exemplo, se nosso cenário prevê o agravamento da disputa tarifária entre Estados Unidos e Brasil, sabemos que segmentos que exportam para os Estados Unidos podem ser prejudicados. Produtos como café, carne bovina e açúcar estariam entre os mais afetados, tornando esses segmentos menos atrativos. No entanto, ao analisar as particularidades das empresas produtoras de proteína, observamos que a JBS possui parte de suas operações nos Estados Unidos, o que mitiga em partes o impacto das tarifas. Além disso, a empresa recentemente realizou um processo de dupla listagem, o que permite que suas ações sejam negociadas também na bolsa americana, aumentando a liquidez e o interesse dos investidores no papel. Com sua principal concorrente nos EUA, a Tyson Foods, negociando a múltiplos mais elevados, isso pode representar uma oportunidade de valorização para a JBS.
Gestão ativa e disciplina no investimento
A experiência e a dedicação dos gestores com vivencia prática do Agro e uma equipe de analistas qualificados fazem toda a diferença na hora de investir em um setor tão complexo e dinâmico como o agronegócio. A partir do confronto entre nosso cenário Macro e os múltiplos relevantes de cada setor e de cada empresa, aliada à experiência da nossa equipe, a Santa Fé realiza a seleção das ações com maior potencial de valorização. Nossos analistas também permanecem constantemente atentos às mudanças de mercado que possam impactar nossas decisões de investimento, como divulgações de resultados trimestrais e prévias operacionais, relatórios importantes das principais casas de sell side ou mesmo fatores externos como clima e geopolítica.
Por fim, a alocação de capital é conduzida com disciplina, respeitando os limites de exposição definidos em assembleia, sempre buscando maximizar os ganhos para o cotista, ao mesmo tempo em que controlamos risco e volatilidade. Essa abordagem diversificada e criteriosa permite à Santa Fé potencializar os retornos e minimizar os riscos, aproveitando as oportunidades do mercado e entregando ao investidor as melhores opções de investimento.
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Publicado por
Pedro Luis Figueiredo
Partner & Investment Analyst at Santa Fé Investimentos