Nosso Sócio e Gestor Paulo Battistella Bueno, analisa e comenta alguns gráficos interessantes que esclarecem bem o comportamento dos investidores em meio à crise do COVID-19 no mês de março.
O mês foi marcado por muita volatilidade. Ocorreram três das maiores baixas do IBOVESPA nos últimos anos, destacadas em vermelho no gráfico abaixo:
Foi um período repleto de circuit breakers, tanto de baixa quanto de alta. Chegou a haver uma leve acomodação, como mostra o gráfico do EWZ (ETF das ações brasileiras negociadas em NY) abaixo, com destaque para o “bom respiro” após as mínimas ao redor de US$ 20,00, e chegando perto de US$ 26,00. No entanto, o que vimos, nos últimos dias, foi praticamente um novo teste do fundo, conforme a pandemia se agravava.
O Dow Jones, por sua vez, teve um desempenho um pouco melhor que o IBOVESPA, chegando aos 18 mil pontos na baixa, depois recuperou atingindo os 22-23mil pontos, voltando a ceder, em nova acomodação.
Todos esses movimentos podem ser inferidos pela análise mais objetiva do VIX, o volatility index, que mede a volatilidade do mercado reproduzido no S&P 500, das ações americanas. Seu pico agora no mês de março foi 80, o que é consideravelmente maior que o atingido na crise de 2008, quando chegou aos 70. No entanto, já está se estabilizando, e nos 50 pontos. É interessante analisar os movimentos do VIX, uma vez que é considerado um termômetro da movimentação dos investidores. Maiores valores simbolizam grandes variações nos índices e “indecisão” em relação à tendência. Muitos chamam o VIX de o “índice do medo”.
No gráfico mensal, percebe-se claramente que depois do pico nos patamares de 80, o volatility index, cai para 50 e se acomoda ao longo das últimas semanas de março. “Esse é um movimento bastante positivo. Acreditamos que se este index continuar mostrando equilibrio, teremos o início de um movimento de alta nas bolsas internacionais o que certamente acontecerá no IBOVESPA também”, destaca Paulo com mais otimismo.
Outro gráfico que merece um olhar atento é o do dólar que chegou aos R$ 5,23 durante o mês de março, realizou levemente e voltou a subir fechando a semana passada a R$ 5,36. “Isso representa uma fuga de recursos de estrangeiro o que aumenta a pressão no nosso mercado e acarreta a consequente volatilidade de que falamos e estamos vendo”, conclui Paulo.
Já a pressão nos juros ficou substancialmente reduzida. Este
tema foi abordado no último vídeo postado há uma semana pela Santa Fé, quando
mencionamos um pico de pressão. Mas com a atuação do governo, este mercado
acalmou-se com os leilões de recompra e outras ações por parte do Banco Central
do Brasil.
“Esse alívio nos juros é um sinal muito positivo, pois estamos lidando com os maiores volumes financeiros e que acarretaram os maiores prejuízos”, analisa o Gestor.
Fechando sua análise, Paulo afirma que em seus 30 anos de
mercado a situação agora vivida é bastante complexa, podendo ser comparada,
somente a uma situação de guerra, não sendo adequado o paralelo com a crise de
2008, quando o que havia era um problema de risco sistêmico do sistema
financeiro, o que não se evidencia hoje. “Estamos vivendo uma crise de medo por
consequência da pandemia, o que vem se manifestando nas cotações dos mercados e
que aos poucos está se normalizando. É uma crise que nasce para acabar, só não
se sabe quando”, enfatiza Paulo.
Tivemos uma recuperação no final do mês de março, mas o
mercado voltou a cair e agora está se acomodando perto de 50% da alta recente.
Paulo acredita que ainda não pode ser considerada como uma correção concluída
de todo o movimento de baixa, e não descarta novas baixas tanto no Brasil como
nos EUA, talvez testando o fundo de 18mil pontos como vimos no gráfico 03,
ainda que no curto prazo possam seguir em alta.
“As bolsas trabalham de forma disfuncional nestes últimos tempos. Percebe-se que os investidores não estão seletivos e avaliando suas compras pelo desempenho das empresas, mas sim realizando desmontes e montagens de posições, com papéis caindo e/ou subindo de forma aparentemente descontrolada. Isso demostra irracionalidade no mercado. A queda no volatility index será indicativa da volta, aos poucos, à normalidade para o Mercado”, finaliza Paulo.
Caros investidores, hoje inicia-se mais uma semana na vida desta crise! Esperamos que os resultados destas análises se concretizem guiando-nos em nossas tomadas de decisão. Vamos juntos.
Fiquem bem, fiquem seguros.
(Fontes utilizadas nessa análise: Economatics; Profit; Barchat)