DUE DILIGENCE EM GESTORAS DE RECURSOS: Pilar Essencial De Governança, Risco E Conformidade
A Due Diligence é um dos instrumentos mais relevantes para a solidez, credibilidade e sustentabilidade de uma gestora de recursos. Muito além de um procedimento formal, trata-se de um processo estruturado de avaliação, monitoramento e mitigação de riscos, essencial para assegurar conformidade regulatória, integridade operacional e alinhamento aos interesses dos investidores.
Sob a ótica do Compliance, a Due Diligence atua como uma linha de defesa estratégica, prevenindo falhas que possam comprometer a reputação, a continuidade do negócio e a aderência às melhores práticas do mercado financeiro.
Conceito e Objetivos da Due Diligence
No contexto de uma gestora, a Due Diligence consiste na análise sistemática de pessoas, contrapartes, prestadores de serviços, investimentos, estruturas operacionais e societárias, com o objetivo de:
- Identificar riscos legais, regulatórios, operacionais, reputacionais e financeiros;
- Avaliar a aderência às normas da CVM, ANBIMA e demais órgãos reguladores;
- Verificar a efetividade de controles internos e da governança corporativa;
- Assegurar a idoneidade e a capacidade técnica das partes envolvidas;
- Proteger os interesses dos cotistas e do mercado.
Tipos de Due Diligence em uma Gestora
A Due Diligence não é um processo único, mas um conjunto de avaliações que se adaptam ao objeto analisado:
- Due Diligence de Prestadores de Serviços
Envolve a análise de administradores fiduciários, custodiante, auditores independentes, distribuidores, provedores de tecnologia e consultorias. Avaliam-se, entre outros pontos:
- Regularidade cadastral e autorizações regulatórias;
- Histórico de sanções e processos administrativos;
- Estrutura operacional e tecnológica;
- Políticas de compliance, PLD/FTP e segurança da informação;
- Continuidade de negócios e planos de contingência.
Due Diligence de Investimentos
Aplicável à seleção de ativos, fundos investidos e estruturas de investimento. Engloba:
- Conformidade com o regulamento e política de investimento;
- Análise jurídica e regulatória do ativo;
- Avaliação de riscos financeiros, operacionais e de contraparte;
- Transparência, governança e histórico do emissor ou gestor investido.
- Due Diligence de Sócios, Administradores e Colaboradores
Fundamental para mitigar riscos de integridade e reputação, incluindo:
- Verificação de antecedentes e conflitos de interesse;
- Análise de aderência ao Código de Ética e políticas internas;
- Avaliação de qualificação técnica e certificações exigidas;
- Monitoramento contínuo de situações sensíveis.
Papel do Compliance na Due Diligence
O Compliance é responsável por estruturar, supervisionar e manter o processo de Due Diligence de forma independente e documentada. Entre suas atribuições destacam-se:
- Definição de políticas, critérios e níveis de risco;
- Elaboração de checklists e matrizes de avaliação;
- Aprovação ou recomendação condicionada de contratações e investimentos;
- Registro e guarda das evidências e decisões;
- Monitoramento periódico e revisão contínua.
Esse papel é essencial para garantir que a Due Diligence não seja meramente formal, mas efetivamente integrada à tomada de decisão.
Due Diligence como Processo Contínuo
Um dos erros mais comuns é tratar a Due Diligence como um evento pontual. Em uma gestora madura, o processo é contínuo, com revisões periódicas, reavaliações por gatilhos de risco e monitoramento constante de mudanças regulatórias, societárias ou operacionais.
A atualização frequente reforça a capacidade da gestora de antecipar riscos e responder de forma tempestiva a eventos adversos.
Benefícios para a Gestora e para os Investidores
A adoção de um processo robusto de Due Diligence gera benefícios claros:
- Redução de riscos regulatórios e operacionais;
- Fortalecimento da governança e da cultura de controles;
- Maior transparência e confiança junto aos investidores;
- Proteção da reputação institucional;
- Aderência às melhores práticas de mercado.
Conclusão
A Due Diligence é um elemento central da estrutura de Compliance e Governança de uma gestora de recursos. Quando bem implementada, deixa de ser apenas uma exigência regulatória e passa a ser um diferencial competitivo, refletindo o compromisso da gestora com ética, transparência e responsabilidade fiduciária.
Para o Diretor de Compliance, conduzir e aprimorar continuamente esse processo é assegurar que a gestora esteja preparada não apenas para cumprir regras, mas para operar de forma sustentável e alinhada aos mais elevados padrões do mercado financeiro.
Publicado por
Marco Faria
Partner & Compliance at Santa Fé Investimentos

