O artigo de hoje marca o início de uma série de textos voltados para temas de Risco. Vamos iniciar com uma apresentação de como nós analisamos internamente o risco de nossas posições e depois percorreremos mais a fundo alguns dos indicadores utilizados.
Antes de tudo, vale explicar melhor o conceito de risco, como sendo as chances que possamos ter de obter resultados diferentes do planejado, isso em qualquer área de vida. A Santa Fé tem uma abordagem estruturada para diminuir as chances de perda e assim garantir os maiores ganhos aos nossos investidores. O papel do Gestor de Risco é o de fazer acontecerem e serem aplicadas as regras de controle pré-estabelecidas e assim zelar pelo bom andamento da estratégia de gestão adotada e confiada pelos clientes com seus mandatos.
Inicialmente, somos céticos em relação a eficácia de modelos estatísticos baseados em correlações e volatilidade histórica para gerenciar a posição de nossos investimentos. Isso não quer dizer que não utilizamos tais indicadores, apenas não definimos um preço de STOP, um gatilho segurança, em uma posição considerando apenas a sua volatilidade. Nos preocupamos menos com as flutuações de curto prazo dos preços dos ativos e das cotas dos fundos do que com a possibilidade de uma perda permanente de capital. Buscamos controlar o risco selecionando bons investimentos e adequando o tamanho de acordo com sua atratividade.
Nosso controle de risco se inicia no berço da seleção das ações das empresas que investiremos. Mensalmente temos um comitê de gestão que define os pilares macroeconômicos para a construção dos cenários. Junto com uma apurada análise fundamentalista, e um filtro que considera aspectos de ESG que são muito importantes em nossa gestão, passamos para uma segunda lista filtrada de empresas definida como oportunidades qualitativas de investimento. Esta lista segue depois para um processo de análise quantitativa que define, segundo nosso modelo, os potenciais de ganho/perda e o timing para cada posição (hora de comprar e hora de vender).
Com as oportunidades identificadas, os limites de tamanho de posição definidos e efetivamente a composição da carteira desenhada, acompanhamos algumas regras de liquidez comparando o tamanho de cada posição com o volume médio dos últimos 30 dias. O mesmo modelo quantitativo vai ditando a navegação das posições no decorrer do mês e é aí que voltamos ao ponto inicial de não limitar uma posição por esse gatilho de segurança na volatilidade e nas flutuações de preço no curto prazo. Uma alta na volatilidade pode até representar uma boa oportunidade de retorno versus risco, ou seja um bom momento para se tornar sócio de um empresa.
A diversificação dos ativos em nossas carteiras, por si, já é uma forma de reduzir o risco total, mas no final, nosso controle passa sim por métricas estatísticas como análise do retorno médio, mínimo e máximo da rentabilidade da quota, índice de sharpe e índice de sharpe modificado, volatilidade anualizada da série de retornos e volatilidade Semi-Deviation onde consideramos a dispersão dos retornos abaixo do retorno médio. Apuramos um V@R histórico da série de retorno das quotas e paramétrico da carteira atual, mas tudo isso já é assunto de sobra para os próximos artigos, fique ligado pois tem muita coisa interessante por vir.