Em outubro de 1987 aconteceu a chamada “Black Monday”. Um crash na Bolsa de Nova Iorque com uma queda de mais de 20%, naquela segunda-feira, dia 19 de outubro. Lembrome daquele dia! Tinha 17 anos e ainda estava terminando o colegial. Meu pai chegou em casa à noite contando do dia que ficaria para a história.
Mais tarde, quando comecei na Santa Fé, em 1989, ele contou que uma carteira de investimento sob sua gestão estava vendida em 2 ou 3 contratos de S&P500 no dia do Crash e que tinha zerado na própria segunda, realizando um lucro expressivo, algo em torno de 300 mil dólares. Aquilo me marcou muito. Estudava análise gráfica, naquela época, e tinha como certo que um novo Crash viria e esse traço marcou um bom pedaço da minha carreira como gestor: a busca com o receio do próximo crash.
Lembro que, em 1989, tivemos um mini Crash. Em 1997, durante a crise asiática, também, sempre em outubro como havia acontecido em 1929 e em 1987. Essa paranoia de outubro ainda me perturba até hoje e há algum tempo, me flagrei falando para a equipe que crashes não aconteciam em fevereiro ou março… e olha aí o Coronavírus…
A verdade é que eu era um gestor de crises, um caçador de crashes, um comprador de seguros e favorável à estratégia do hedge constante, ainda que custasse caro e muito caro. A única glória que esse viés nos trouxe foi no episódio do 11 de Setembro, em 2001. Estávamos convictos de que um crash aconteceria naquele ano, o que nos deixou praticamente fora de toda aquela turbulência. Isso mesmo, escapamos do 11 de Setembro, mas e daí?
Não tivemos um crash, como eu esperava. Tivemos uma queda acentuada que acabou sendo um excepcional ponto de entrada na Bolsa Americana. O início de um dos maiores movimentos de alta que duraria até 2007. Aqui no Brasil o mercado ainda ficou descolado de NY. Havia o risco do Lula se eleger, o que acabou acontecendo, dando início a um movimento de alta espetacular que durou até 2008.
Como não há mal que sempre dure, abandonamos essa perseguição por crashes. A experiência nos mostrou que não vale a pena ser pessimista e muito menos desconsiderar a força que as boas empresas têm.
Lucros crescentes e fluxo movimentam os preços nos mercados. Empresas bem geridas, disruptivas, com boa governança, são imbatíveis no longo prazo. Isso se chama prosperidade! Hoje sou um gestor da prosperidade e sempre um otimista!
Crashes acontecem, mas são raros, e via de regra são ótimas oportunidades de investimento! Nunca subestimem a capacidade de recuperação das empresas, elas são verdadeiras geradoras de riqueza.
Essa é a lição que procuramos passar àqueles que estão começando a investir agora!