HIGHLIGHTS: O 1° TEMPO DE 2024
Durante o 1º semestre de 2024, alguns fatores econômicos e políticos foram determinantes para definir o comportamento das bolsas ao redor do nosso planeta. No desenrolar deste artigo, são trazidos 5 tópicos extremamente influentes que guiaram as tendências nos primeiros seis meses do ano.
Força das Techs Americanas
Inteligência Artificial é, com certeza, um dos temas mais citados no mundo ultimamente pela capacidade de transformação de uso da tecnologia. A partir disso, muitas empresas estão buscando utilizar essas novas ferramentas com mais frequência no dia a dia e melhorar suas operações, o que agradou aos investidores.
A onda de investimentos em inteligência artificial impulsionou as empresas de tecnologia americanas a um semestre espetacular. Índice do mercado de ações dos Estados Unidos composto somente por estas, o Nasdaq subiu mais de 24% no período. Empresas como Nvidia, Microsoft, Meta e Netflix se destacaram e devem se beneficiar dos ganhos de produtividade que a inteligência artificial trará às suas operações.
Inflação e Juros:
Ao fim de 2023, o mercado financeiro se preparava para virar o ano com excelentes expectativas para um início de 2024: cortes de juros tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Em território nacional, a precificação de uma taxa Selic terminal próxima aos 9% já foi atualizada para 10,50% ao final do ano, após a 1ª reunião em que o Copom a mantém inalterada. Para os americanos, a discussão sobre corte no 1º trimestre se tornou apenas uma esperança de redução da taxa em 2024.
Ambos os países enfrentam um cenário de piora da inflação. O realinhamento das expectativas levou a uma abertura significativa da curva de juros. O mercado, então, precisou se ajustar devido aos indicadores resilientes de mercado de trabalho e de crescimento, o que também prejudicou o desempenho dos países emergentes.
Política fiscal
Um dos principais destaques do período, o controle da política fiscal no Brasil pelo Governo Federal deixou os investidores bastante preocupados com relação ao futuro do país. Desde que assumiu a presidência no início de 2023, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, juntamente com o ministro Fernando Haddad, projetava um cenário interno de déficit primário zero ainda para 2024.
Para isso, portanto, era necessária uma reformulação de políticas econômicas visando uma aumento de arrecadação e diminuição dos gastos da União, um cenário que mesmo difícil, traria perspectivas positivas para o país.
Porém, no último trimestre, os grandes destaques ficaram por conta de comentários infelizes do Presidente, afirmando que o cumprimento da meta não era prioridade máxima do governo e que gerou também um desgaste com o ministro da Fazenda.
Ainda sem definição, a meta fiscal do Governo para déficit zero parece ser adiada diariamente e traz dúvidas para aqueles investidores que buscam a confiança necessária para investir no Brasil.
Fluxo Inversor: Saída de Estrangeiros e Migração para Renda Fixa
Segundo os dados divulgados pela B3, o investidor estrangeiro é responsável por aproximadamente 50% do fluxo de investimentos na bolsa de valores brasileira. Assim, desconfiados da política fiscal brasileira e os níveis atuais de juros, observamos uma mudança significativa no comportamento dos investidores.
Nos primeiros 6 meses do ano, os investidores estrangeiros retiraram mais de R$40 bilhões da bolsa brasileira, buscando oportunidades em outros mercados. Da mesma forma, os investidores institucionais locais migraram para mercados mais resilientes e a segurança da renda fixa, principalmente NTNBs.
Conclusão
Por fim, entende-se que a junção de todos esses fatores levou a um desempenho aquém do esperado para a bolsa de valores no Brasil durante o primeiro semestre e contribuiu para a alta do dólar, hoje acima de R$5,50. No entanto, espera-se que, até o final do ano, haja uma reversão deste cenário, permitindo que o mercado volte a respirar e recupere a confiança dos investidores.
Publicado por
Bernardo Gomes Lamas de Carvalho
Partner & Investment Analyst at Santa Fé Investimentos