Temos vivenciado tempos novos pelo mundo, assistindo os BCs injetarem quantias antes impensáveis de dinheiro nas economias no intuito de mitigar os efeitos causados pela pandemia. A atuação das autoridades monetárias vai desde a criação de linhas de crédito para indivíduos e empresas até à compra de títulos de dívida e mais recentemente mesmo dívida privada! Diversas são as previsões dos economistas de “plantão” quanto aos efeitos dessa inundação de dinheiro e do aumento generalizado dos gastos públicos mundo afora.
A verdade é que com taxas de juros próximas de zero e perto de 2%, aqui no Brasil, o investimento de risco ganha, a cada dia, mais evidência e com uma característica muito especial aqui no nosso mercado, acostumado com juros altos e ainda com pouca participação de investidores pessoas físicas nas bolsas de valores. Mas o fenômeno de migração de investimentos da renda fixa para renda variável vem crescendo desde o ano passado e acelerou no pós crise. O mesmo pode ser observado com relação à participação das pessoas físicas na B3 em que o número de CPFs ativos não para de crescer.
Também temos observado um movimento de venda de ações dos grandes bancos em todos os mercados. Analistas observam que, além da entrada de fintechs, a inadimplência seria um problema sério a ser enfrentado nos próximos semestres. Nesse sentido, o FED limitou o pagamento de dividendos e suspendeu as recompras de ações, dessas instituições, para tesouraria, exemplo seguido pelo mundo e também pelo BC aqui no Brasil. O resultado que temos observado é uma perda substancial de performance relativa dos bancos em relação aos seus benchmarks, aqui no Brasil o Itaú Unibanco, o Bradesco, o Santander e mesmo o Banco do Brasil ainda tem suas ações negociadas nos níveis de abril enquanto o Ibovespa se aproxima dos 100 mil pontos.
Juntos, os grandes bancos representam 35% do Ibovespa, que tem se recuperado heroicamente e sem a ajuda desse setor sempre tão procurado pelos investidores. Mas será que os preços traduzem a realidade? Será que o cenário para os bancos grandes é tão ruim assim? E como explicar as ações da XP fazendo novas máximas em dólar enquanto o Itaú Unibanco que é dono de 49% da XP e tem opção pra comprar outro tanto, continua sendo negociado a preço de liquidação?
O fluxo segue negativo para os grandes bancos, mas é inegável que estamos nos aproximando de um momento de reversão. Vale sempre lembrar, que os bancos brasileiros são muito bem administrados e altamente rentáveis. Já enfrentaram e saíram mais fortes de diversas crises! não achamos que nessa será diferente. Os próximos semestres serão desafiadores sim; os dividendos serão menores sim; as recompras ainda estão suspensas; mas isso não vai durar para sempre. Os bancos sairão dessa crise com níveis de provisão para devedores duvidosos altíssimos e o spread hoje está muito favorável para eles.
Quem sabe, tanto aqui no Brasil com o IBOVESPA em vias de superar os 100 mil pontos, e nos EUA com o S&P 500 se aproximando do topo do ano, o próximo movimento de alta será conduzido pelas ações dos grandes bancos? De uma coisa temos absoluta certeza, em algum momento, esse setor vai acordar!