MÃE, ME ENSINA A INVESTIR?

Mãe, me ensina a investir?

Neste final de semana meu filho de 15 anos me pediu: “Mãe, você me ensina a investir?” Confesso que fiquei muito feliz com a postura dele, mas ao mesmo tempo me questionei: “Como falar de futuro e investimentos com nossos filhos?”

Minha família é do Mercado Financeiro, posso afirmar que nasci neste meio.

Palavras como operações, crash, bull market fizeram parte da minha infância, mas precisei fazer 40 anos para entender a fundo como funciona o mundo dos investimentos e me arrependo muito pelo tempo perdido, pois tempo pode não ser dinheiro, mas dinheiro é tempo certamente.

Antes de aprender a investir, acredito que o conceito básico a ser transmitido é olhar para o futuro em busca de liberdade para fazer suas escolhas e realizar seus sonhos. Vivemos em uma sociedade em que há ferramentas financeiras que tornam “relativamente fácil” a materialização de sonhos. O tênis da moda, o melhor celular, o carro do ano, a viagem, o primeiro apartamento. Para isso existem o cartão de crédito, à vista ou parcelado, o leasing, o consórcio, o financiamento… em poucos cliques a geração de nossos filhos consegue o quer, literalmente. Mas o que não percebemos é que estamos vendendo nosso futuro, comprometendo o trabalho de uma vida para trazer os sonhos a valor presente. Fazendo assim transformamos nosso maior aliado em nosso pior inimigo: os juros. Passamos a acumular passivos (dívidas) ao invés de patrimônio (ativos) e entregamos nosso tempo como moeda de troca nesta negociação perigosa.

Sendo assim, a lição número um que quero dar ao meu filho é: antes de aprender a investir, aprenda a gastar. Parece básico, mas é preciso muita disciplina e foco para conseguir seguir as primeiras regras para um bom investidor:

1.       Nunca gaste mais do que ganha;

2.      Poupe parte fixa de sua renda e tenha isso como uma obrigação, como se fosse um boleto!

3.      Invista suas economias – aqui entraremos na aula 2 (prometo que virá)!

4.      Acumule ativos que gerem renda extra para você no futuro e não o contrário (que seria tenha dívidas para acumular ativos).

Vou colocar isso em números para ficar fácil de visualizar: Suponhamos que você tenha uma renda mensal de R$5.000,00 e que gaste R$4.000,00 com seus custos. Desta forma sobram R$1.000,00. Trabalhando 250 horas por mês, sua potencial poupança/ hora é de R$4,00. Seu sonho atual é passar o reveillon na Bahia com seus amigos. Sabe quanto custa sua viagem? 1.000 horas de seu trabalho, são 4 meses da sua vida, totalmente destinados para pagar algumas horas que vão ficar na memória… (é verdade). Se você tiver trabalhado o ano todo, guardando esse dinheiro, investido durante um período, VAI MESMO E HAVE FUN! Mas se você está achando uma pechincha, pois é possível parcelar em vezes no seu cartão ou você conseguiu um super capital de giro no banco: ATENÇÃO: Você está vendendo o seu futuro. Comprometendo alguns meses à frente ou até mesmo anos para viver um sonho hoje.

Não estou falando para não vivermos nossos sonhos, mas sim, para planejarmos nossa vida para vive-los. Neste plano, certamente entram conceitos muito importantes de investimentos financeiros que prometo trazer em próximos textos, mas nunca esqueça da aula 1: aprenda a gastar.

Prontos para aula 2?

Publicado por

Fernanda Lancellotti

Partner & Head of Investor Relations at Santa Fé Investimentos