CVM dá um grande passo para a democratização dos investimentos em ações, flexibilizando as regras de emissão e negociação de BDRs na B3
Sempre tive vontade de ser sócio de empresas como a Apple e a Tesla ou mesmo do JP Morgan ou da Berkshire e já faz algum tempo que nossos investidores no Aquarius participam desses ganhos através dos BDRs, mas até essa semana os investidores pessoas físicas estavam fora desta possibilidade direta.
No ultimo dia 11/8/2020 a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) editou a Resolução CVM 3, que promove alterações nas Instruções CVM 332, 359, 480 e 555, no tocante às regras relacionadas aos Brazilian Depositary Receipts – BDR. BDRs são certificados de depósito de valores mobiliários, títulos emitidos no Brasil, que representam outro valor mobiliário no exterior. Ao investir em BDRs, o investidor assume posição idêntica à que teria caso comprasse ativos estrangeiros por eles representados.
Atualmente, há mais de 500 BDRs negociados na B3 e somente investidores qualificados podiam operá-los. Com a nova regra, a depender do mercado em que sejam listados, poderão ser negociados por todos. A CVM também permitiu a listagem de BRDs de empresas brasileiras que foram listadas no exterior como a XP por exemplo. Anteriormente, dadas as circunstâncias dos diferentes países, empresas brasileiras escolheram ser listadas no exterior onde são melhor precificadas, e não era permitido que emitissem BDRs, impedindo o acesso de investidores locais a esses papéis. Esse acesso agora fica permitido para empresas brasileiras e também para BDRs com lastro em títulos de dívida, inclusive os emitidos por companhias abertas brasileiras.
As regras começam a valer a partir de setembro e são muito positivas podendo atrair mais volume para a B3, mostrando todo o potencial do mercado brasileiro e sua capacidade de se adaptar à demanda pela crescente entrada de novos CPFs na bolsa. Agora os brasileiros poderão ser sócios de empresas como Tesla, Apple, Microsoft, Berkshire e Google, entre muitas outras, além das brasileiras XP, Arco e Vasta, que certamente terão seus BDRs negociados na B3. Trata se de um marco para os investidores nacionais institucionais e principalmente de varejo que antes só podiam fazer esse tipo de investimento através de veículos criados para esse fim a custos elevados e pouca agilidade.
O resultado será um aumento expressivo dos volumes negociados e uma precificação mais justa dos ativos, mas é Importante saber que, como essas empresas são cotadas no exterior seus BRDs estarão sujeitos à variação do dólar, ou seja, comprando um BDR da Tesla por exemplo, sem fazer o hedge do US$ Dollar, você estará se expondo à variação cambial, além da variação da Tesla.
Ganha o investidor, ganha o Mercado Brasileiro, ganha o Brasil! Parabéns à CVM pela acertada medida!