O interior do Estado de São Paulo sempre nos presenteou com paisagens maravilhosas e respeito à natureza! Característico dessa região é a presença da cana de açúcar. Praticamente durante toda a trajetória da Rodovia Anhanguera, uma das principais vias logísticas de SP, os canaviais dominam suas duas margens. Não é à toa que, nessa mesma região, vimos nascer grandes empresas do setor sucroalcooleiro como Raízen (RAIZ4), maior empresa produtora de açúcar e álcool no Brasil, São Martinho (SMTO3) entre muitos outros grupos de capital fechado. No entanto, cada vez é mais notável a presença da soja e do milho entrando em regiões onde a cana costumava reinar, mudando não somente a paisagem como o bolso do agricultor.
O cultivo de cana de açúcar, em especial nas regiões de “terra roxa” paulista, por anos, foi considerado uma atividade estável, lucrativa e de menor risco. Por se tratar de uma cultura semi-perene, isto é, a mesma soqueira de cana rebrota anualmente e pode sofrer vários cortes ao longo dos anos. Mais resiliente às pragas e à seca, a cana, há anos, ganhou espaço e protagonismo. Diversos programas de incentivos governamentais auxiliaram também no desenvolvimento da indústria e possibilitaram a sua consolidação e expansão. Ao final da primeira década do século, pode-se dizer, o setor atingiu seu auge. Usinas sendo vendidas por valuations astronômicos e o etanol bombando foram alguns das consequências vistas. Porém o jogo virou.
A extrema dependência da política de preços de combustíveis da Petrobrás e os preços do açúcar mais fracos contribuíram para um bear market horrível que o setor viveu na segunda década do século e, principalmente, para a sua perda de espaço no agro. Nesse cenário, a soja e o milho têm avançado muito! Com os níveis atuais de preços dos grãos, o seu cultivo se torna muito atrativo nas áreas de atual predominância de cana. Em um levantamento da consultoria agrícola Céleres, é esperado para a safra 22/23 uma margem operacional do sistema soja/milho de R$ 6.808,00/ha enquanto a cana de açúcar terá de R$ 5.039/ha.
As razões para esse fenômeno são várias. Vale destacar:
A perda de espaço da cana de açúcar também nos leva a refletir em como as dinâmicas econômicas se alteram e na importância da constante atualização e desenvolvimento tecnológico. É claro que em uma viagem de São Paulo a Ribeirão Preto a presença dos canaviais ainda é majoritária e assim deve permanecer por um bom tempo Gostariamos de ver a cana correr atrás do prejuízo para fechar esse “gap” o quanto antes.
Agro é Top, Agro é Pop, Agro é FIAGRO!