Nesses últimos 30 anos…

Hoje minha velha HP 12C parou de funcionar e bateu uma certa nostalgia. Afinal, estivemos juntos nesses 30 anos de mercado, ela me viu casar, viu meus filhos nascerem e crescerem. Verdade que já estava cansada e vinha trabalhando pouco com as novas ferramentas que hoje usamos, mas as vezes gostava de usar a velha companheira que esteve ao meu lado nas últimas três décadas…

Quando começamos em 1989, o mercado era muito diferente, os pregões da Bovespa repletos de operadores com telefones sem fio na mão, negociavam 50 milhões de dólares por dia. A BMF já existia e o IBOVESPA Futuro já negociava com sua roda de operadores, muitas vezes invadindo a Praça Antônio Prado, o investidor Naji Nahas dominava os mercados e quebraria naquele ano, que também foi marcado pela minha (e de muitos) primeira eleição direta para presidente do Brasil!

Em 1990 veio o Plano Collor e tivemos que viver com os 50 mil cruzeiros da então ministra Zélia Cardoso de Mello. Tempos difíceis. A Bovespa que já tinha sofrido bastante com a quebra do Naji quase desapareceu. Meu pai sempre disse nesses momentos de crise que o Brasil era maior que tudo aquilo. Esse sentimento permeia a Santa Fé até hoje e sempre estará conosco. Veio o impeachment e depois o Itamar e a República de Minas Gerais, lembro do Paulino Cicero ministro das Minas e Energia…

Mas surgiu um certo Fernando Henrique Cardoso, que tinha perdido para o Jânio Quadros a prefeitura de São Paulo, virando senador e depois ministro da fazenda do Itamar. Ele foi o criador do Plano Real, um verdadeiro divisor de águas. Vimos o Real abaixo de 1 (se me não me engano bateu 0,7) e os juros na lua batendo até 45% ao ano a taxa Selic. O IBOVESPA também subiu nessa época.

Nesse meio tempo teve a crise do México, a Argentina quebrou umas três vezes (sem contar essa última recente), teve crise Asiática, crise da Rússia, a desvalorização cambial e o fim do mundo anunciado com a eleição do Lula em 2002, com o dólar batendo 5 reais antes da posse.

O Lula entretanto assumiu a presidência e colocou um banqueiro no ministério da fazenda, o Henrique Meirelles, que depois voltaria no governo Temer. O dólar voltou para R$ 1,7 e o Ibovespa subiu um monte. Para complicar, em 2008 teve a quebra do Lehman Brothers nos EUA, a famosa “marolinha” segundo o então presidente Lula. Tivemos os Jogos Pan-Americanos, Olimpíadas e Copa do Mundo no Brasil, tudo muito lindo, mas a conta veio depois…

Chegou a Dilma Rousseff e no seu governo estouraram escândalos de corrupção que balançaram o mercado. Ela foi reeleita mas sofreu o impeachment. O Temer assumiu e trouxe de volta o Meirelles para tirar o país da maior recessão da história. E quando achei que “já tinha visto quase tudo nessa vida”, ainda teve o Joesley e o Brasil quase quebrou. Mas como sempre disse meu pai, o Brasil é maior que tudo isso. E ele estava certo, o Brasil foi maior que tudo isso. Sinceramente acho que sempre será.

O IBOVESPA, que vinha sofrendo começou a subir com o impeachment. Foi ali que vislumbramos a janela de oportunidade de ganho na bolsa que vivemos hoje e ajustamos a estratégia do Santa Fe Aquarius para essa nova realidade.

O Bolsonaro foi eleito e colocou o Paulo Guedes no ministério da economia e, daí em diante, acho que já conhecem a história.

Minha velha HP se despediu do mercado e de mim nesse último mês. Ela agora será uma peça decorativa, mas me conforta saber que vimos juntos o IBOVESPA superar os 100 mil pontos e a taxa Selic bater a mínima histórica de 4,25% ao ano. O melhor disso tudo é que tem muito mais pela frente. O ciclo de alta que vivemos agora está apenas no primeiro terço!!!

Aqui na Santa Fé nós sempre vamos acreditar que o Brasil é maior que qualquer crise!