O MÊS DE NOVEMBRO

No final do mês de outubro, viemos de forma extraordinária comentar sobre o cenário macro e microeconômico que se aproximava. E, com grande parte das teses de investimento que havíamos comentado se materializando, se faz necessária uma revisão:

  1. Eleição de Donald Trump: No dia 5 de novembro de 2024, o candidato republicano Donald Trump foi novamente eleito presidente dos EUA e, neste novo mandato, com controle da Câmara e do Senado. Esse evento levou a materialização do “Trump Trade”: alta de criptomoedas, fortalecimento global do dólar e abertura da curva de juros americana. Dentre as principais promessas de campanha que já podem estar se concretizando também é a retomada de tarifas sobre países como México e Canadá em 25% e China em 10%. Esse fato também já era aguardado e deve deslocar parte da demanda chinesa por commodities agrícolas para o Brasil, algo também estimado no “Trump Trade”;
  2. Estímulos Chineses:  O tão aguardado pacote de estímulos da economia chinesa chegou na nesta sexta feira, 8 de novembro, com um valor de 10 trilhões de yuans (US$ 1,4 trilhão). No entanto, o sentimento do mercado foi de decepção e frustração, uma vez que se esperava algo mais robusto e reforça a tese de que o governo chinês esperará a posse de Trump em janeiro de 2025 para novos movimentos. Isso trouxe um impacto negativo nas commodities em geral, com ênfase no minério de ferro que segue sem poder de reação;
  3. Pacote Fiscal Brasileiro: No dia 27 de novembro, o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou o aguardado pacote de medidas econômicas que era aguardado desde o final das eleições municipais em outubro. Promete-se um corte de gastos em torno de R$ 70 bilhões de reais em 2 anos (25 e 26) com diversas mudanças como por exemplo na aposentadoria dos militares. No entanto, o anúncio ficou ofuscado pela medida tomada de isenção do IR das pessoas que ganham até R$ 5.000 mensais e taxação progressiva daqueles que ganham R$ 50.000 ou mais. De imediato, a reação do mercado foi bastante negativa com os mercados de renda variável caindo forte e tanto a curva de juros quanto o dólar com altas expressivas. As medidas de corte foram vistas como insuficientes e o pacote que deveria reduzir o estímulo governamental na economia gerará justamente o efeito oposto, de expansão fiscal na contra mão da expectativa do mercado e da política monetária. 

Com os principais triggers do mercado já claros e a redução da incerteza é possível vislumbrar com maior previsibilidade os próximos passos. Sendo assim as carteiras dos fundos estão sendo posicionadas da seguinte forma:

  1. Foco em Exportadoras: Visando uma proteção contra a alta do dólar e sem nenhuma medida governamental que nos indique o contrário, optou-se por um sector rotation de empresas ligadas aos juros futuros como construção civil e varejo para produtores de proteína, papel e celulose, siderurgia e óleo. Empresas com estrutura de capital saudável e fluxo de caixa em dólar podem ser os grandes vencedores desse momento, algo já percebido pela performance destacada do nosso fundo Agro Hedge FIM no mês;
  2. Posições em Empresas de Utilidade Pública: Empresas ligadas ao setor de utilidade pública como saneamento básico, transmissão e distribuição de energia são hedges naturais ao aumento da inflação, uma vez que possuem contratos neste indexador e concessões de longo prazo com baixo histórico de inadimplência;
  3. Aumento do Caixa e Títulos Indexados à Inflação: A falta de confiança do mercado no controle da inflação e na política fiscal do governo levam a dois efeitos práticos no curto e médio prazo: i) Aumento da taxa Selic; e ii) Aumento da inflação corrente. Sendo assim, uma maior parcela de caixa e títulos ligados à inflação trazem ao nosso portfólio maior flexibilidade e melhoram o binômio risco/retorno.

Os desafios macroeconômicos, em especial no território nacional, são grandes. Diversas variáveis estão se movimentam e para isso o conservadorismo se torna necessário e prudente. Seguimos acompanhando o mercado de perto e trabalhando incessantemente para garantir aos nossos clientes que os produtos serão vencedores no longo prazo. 

Atenciosamente, 
Equipe de Gestão e Análise da Santa Fé