SANGUE, SUOR E LÁGRIMAS

Os mercados financeiros mundiais estão aguardando ansiosamente a posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, para poderem apostar suas fichas nos melhores ativos globais. A única certeza que existe é que haverá muita volatilidade, haja vista a enorme expectativa que existe em relação à política externa tarifária, além da solução (ou não) dos atuais conflitos armados na Europa e entre Israel e a Palestina.

Os desafios são enormes, a começar pelo crescente endividamento do governo americano, hoje caminhando perigosamente para níveis acima de 120% do PIB. Além disso, o déficit fiscal nominal tem permanecido ao redor de 6% do PIB, o que exige uma redução de despesas e aumento de eficiência governamental de grandes proporções. Do contrário, teremos uma taxa de inflação acima do esperado, com juros de equilíbrio mais altos e perda de dinamismo no crescimento da economia americana no futuro, o que limitaria a valorização dos papéis de empresas em bolsa.

A euforia com os ativos americanos se estendeu para as criptomoedas, algo que teremos que acompanhar com lupa, à medida em que existe uma correlação muito grande entre esta classe de ativos e o mercado de ações. Sinais de alavancagem de compra de criptomoedas através de empresas e governos não costuma ser o presságio de um final feliz no futuro.

No mercado brasileiro, além da espera em relação aos desdobramentos do governo de Donald Trump, temos uma economia chinesa em franca desaceleração e um desafio enorme de recuperar a credibilidade da equipe econômica em entregar um equilíbrio fiscal em 2025. Uma aguardada reforma ministerial em breve pode nos dar indicações mais claras do caminho que o governo pretende seguir: se dobra a aposta (fracassada) de 2024, ou se ameniza o discurso antimercado e começa efetivamente a buscar uma convergência fiscal e monetária que possa trazer tranquilidade e previsibilidade aos ativos financeiros, como a taxa de juros e câmbio.

Diante deste cenário, os gestores terão que ficar muito atentos ao cenário político americano e brasileiro, ajustando continuamente suas posições a depender da evolução do humor do mercado em relação às decisões tomadas. É neste ambiente de incertezas, mas também de grande expectativa, que pretendemos agregar valor aos nossos clientes, através de estratégias com baixo risco sistêmico e selecionando a dedo os ativos a serem alocados. Até que se prove o contrário, 2025 não parece ser o ano de grandes aventuras em ativos de risco, que exponham desnecessariamente nosso patrimônio em situações desconfortáveis e de difícil recuperação. Que tenhamos uma trajetória segura, consistente e paulatina, aproveitando ao máximo as inúmeras oportunidades que este tipo de ambiente sempre traz consigo, com disciplina e muito trabalho.

Publicado por               

Luiz Gustavo Junqueira figueiredo

Partner at Santa Fé Investimentos

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