SECA NOS EUA E COMO ISSO PODE IMPACTAR O BRASIL
A chegada do verão no hemisfério norte também traz consigo as perspectivas para a safra de grãos que está sendo desenvolvida. Como a Guerra da Ucrânia se encontra a todo vapor, 100% das atenções se voltam para os EUA e suas lavouras. Após 3 anos seguidos do fenômeno do La Niña era esperado que ocorresse uma normalização climática pendendo para o fenômeno do El Niño, fato que favorece a safra americana e pressiona os preços dos grãos, como vimos no formato da curva em abril. No entanto, um inesperado problema climático tem mudado o rumo do mercado.
No dia 20 de junho, o Drought Monitor revelou seu último mapa atualizado sobre a situação climática nos Estados Unidos. O que se vê é que diversos estados do Meio-Oeste americano se encontram em seca severa em especial Iowa e Illinois, dois dos maiores produtores grãos. Esse fenômeno já está sendo classificado como uma das piores secas nos últimos 40 anos, fato que deve acarretar consequências de curto e longo prazo. A primeira e mais facilmente observada é no preço.
Como se pode observar no gráfico a cima, a curva de preços dos grãos em Chicago apresentou uma elevação significativa na sua inclinação de abril para junho em decorrência dos efeitos climáticos. Uma possível e provável quebra de safra americana deve impulsionar ainda mais os preços, fato que pode ser bastante benéfico para o produtor brasileiro.
Na safra 22/23, o Brasil apresentou números recordes na produção agrícola, atingindo a incrível marca de mais de 315 milhões de toneladas de grãos produzidas, sendo extremamente importante para as exportações nacionais e consequentemente para a geração de caixa da agroindústria, muito em função dos altos preços praticados. No entanto, já era esperado que um cenário de normalização de oferta e estabilidade de demanda levassem a um preço de equilíbrio menor e consequente redução de margens.
Desta forma, a seca proporciona um ambiente mais favorável para a safra brasileira que se iniciará em outubro deste ano. Melhores preços estimulam os agricultores a investir e produzir. Porém, assim como a falta de chuva pode sustentar, a sua chegada causa o efeito contrário e esse contexto de mercado é conhecido popularmente como Weather Market.
Publicado por
Gabriel Diniz Junqueira
Partner & Investment Analyst at Santa Fé Investimentos