A BOLSA DE VALORES E O SUPERMERCADO, SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS.

Como vocês sabem, minha história não começou no Mercado Financeiro, mas sim, na Publicidade e por lá, as campanhas de maior resultado sempre foram as de varejo: letras garrafais gritando promoções, facilidades de pagamento, descontos gigantes. Os consumidores historicamente gostam de fazer bons negócios, comprar quando está barato e vender o mais caro possível. Isso parece básico não?

Mas, qual foi a minha surpresa, ao passar pelas minhas primeiras 4 estações do ano aqui na Santa Fé – a maioria dos pequenos investidores ou investidores de varejo, quase sempre compram depois que a bolsa sobe e vendem depois que ela despenca. Podemos explicar esse fenômeno estudando um pouco de finanças comportamentais, em que se comprova que a chamada “aversão ao risco” faz o consumidor de produtos financeiros agir de forma desregrada e irracional.

O gráfico abaixo exemplifica muito bem este movimento e eu gostaria muito de chamar a atenção de vocês para o que venham a sentir ao analisá-lo. Certamente alguns dos leitores darão até risada, identificando-se com as situações, falas e sentimentos. Vejam só:

O Mercado Financeiro não é diferente do supermercado, da concessionária de carro ou do shopping center…. Promoção é tempo de compra, oportunidades aparecem e é hora de aumentar seus investimentos, quedas são, quase sempre, bons momentos para iniciar um investimento bem-sucedido, nunca para sair!

Para ficar mais claro, compartilho um exemplo prático: Suponhamos que no auge da crise do Covid19, lá em Março de 2020, “Joaozinho” tenha investido R$1.000,00 em cada um de nossos Fundos. Hoje ele teria um total de R$3.763,00 obtendo um ganho de 54,7%* no Aquarius e 121.63%* no Scorpius. Por outro lado, imaginemos que ele tenha esperado, trocado uma ideia com seu amigo “Trader” e aguardado mais um pouquinho para ter certeza do bom negócio e assim, investido somente em Julho de 2021. Hoje ele teria R$1.779,80 – o que ele deveria fazer neste caso? Qualquer coisa menos vender!

Entendo que quando lidamos com nosso “suado dinheirinho”, as decisões são mais complexas, emocionadas e por isso mais sujeitas a erros. Assim, compartilho aqui, meu amigo, o que aprendi com os gestores da Santa Fé, que com seus mais de 30 anos de Mercado Financeiro e cabelos brancos, sabem, como ninguém, o que fazer em momentos de alta e de baixa. Confira:

1.    Conheça claramente seus limites de risco. Uma boa dica para esta medida é o seu sono tranquilo. O quanto você consegue investir com volatilidade** e ainda assim ter uma noite bem dormida?

2.    Defina seus objetivos de curto (este ano), médio (próximos 3 anos) e longo prazos (sua aposentadoria). Este é o primeiro passo para construir sua carteira de investimentos, pois quanto maior o prazo para seu resgate, certamente maior será o seu ganho.

3.    Investimentos que são mais expostos aos riscos como ações e cambio, só podem ser considerados no longo prazo. Aqui, me refiro aos seus sonhos de futuro como sua casa própria e sua aposentadoria.

4.    Caso deseje investir em ações, ou seja, comprar participações em empresas, não deixe de estuda-las profundamente. Seus resultados, lucros, nível de endividamento, o setor em que está inserida, etc. Fuja de empresas problemáticas, que estão envolvidas em escândalos ou que correm constantemente este risco, que não respeitam o meio ambiente, que não tenham governança, etc….

5.    … caso não tenha tempo ou conhecimento específico para os itens 3 e 4, melhor investir em fundos que são geridos por equipes profissionais que fazem esta análise o tempo todo para você.

Existe muito conteúdo disponível sobre investimentos. Cursos rápidos e baratos no YouTube, influenciadores milionários no Instagram, gurus do Linkedin e analistas do Twitter, mas aqui eu pergunto a você: quando estiver doente vai procurar o médico ou o curandeiro da internet? Certamente o médico, afinal ele estudou muito para salvar vidas! Com seu dinheiro não deveria ser igual? Não é à toa que o Mercado Financeiro é tão regulamentado, seus profissionais necessitam de certificações e formações que exigem estudo e dedicação e por isso é infinitamente mais seguro investir com quem sabe, mesmo que isto possa te custar um pouquinho ao ano, o que certamente é mais barato do que amargar o prejuízo de comprar na alta e vender na baixa.

*estes são rendimentos brutos considerando as cotas de 23/03/2020 e 8/04/22 para o Aquarius e 18/03/2020 e 08/04/22 para o Scorpius.

** volatilidade = risco, ou seja, o quanto o preço dos ativos pode variar, tanto para mais quanto para menos.

Publicado por

Fernanda Lancellotti

Partner & Head of Investor Relations at Santa Fé Investimentos