Comunicado dos Gestores  Santa Fé Investimentos

Diante do agravamento da crise do Coronavírus ( COVID-19 ) durante a semana passada e do aumento da volatilidade nos mercados financeiros no Brasil e no mundo, achamos oportuno transmitir aos nossos investidores uma visão sobre a performance dos nossos Fundos e a nossa opinião sobre o momento atual que estamos vivenciando.

Nossos Fundos estão tendo perdas em função de sua exposição ao mercado acionário no Brasil. Não detínhamos, até a semana passada, posições em outros mercados, nem em mercados no exterior, apesar de nosso mandato na gestão de ambos os Fundos permitir esse posicionamento.

Estamos vivenciando algo sem precedentes. Nem na Crise de 29 os mercados caíram tanto, tão rápido. É surreal a perda de valor que as ações ao redor do mundo estão tendo, em tão pouco tempo. Toda a indústria de Fundos no Brasil está tendo perdas, salvo raríssimas exceções. Desde o início dessa crise, em Fevereiro, optamos por manter nossa carteira de ações nos Fundos em função de três fatores que explicitamos a seguir:

·  Possuíamos uma carteira de longo prazo, composta por empresas sólidas, pouco endividadas, com management de excelência e que performam acima da média do mercado;
·  Acreditávamos (e agora acreditamos ainda mais) ser praticamente impossível prever movimentos inesperados como esse que está ocorrendo, e a longo prazo a qualidade das empresas em que investimos tende a ser um hedge natural para esses movimentos;
·  Estávamos (e acreditamos que ainda estamos) no início de um ciclo de alta de longo prazo no mercado de ações do Brasil e sendo assim uma correção das altas recentes deveria ser encarada como uma oportunidade de compra e não um ponto de venda das nossas posições.

Passada essa semana e diante do agravamento da pandemia na Europa, em especial na Itália, da rapidez com que o vírus está se espalhando ao redor do planeta, da magnitude das quedas dos mercados acionários ao redor do mundo e da queda substancial do preço do petróleo, em consequência da queda de braço entre a Arábia Saudita e a Rússia, passamos a ter uma enorme crise de liquidez aqui no Brasil e no mundo, onde os ativos antes considerados “seguros” como o ouro e os títulos do Tesouro americano, a nível internacional e os títulos de renda fixa mais longos no Brasil, como as NTN-Bs e as LTNs e os títulos de crédito privado também se desvalorizaram bastante, além é claro das commodities em geral. Alguns mercados que vinham se destacando desde o ano passado, como o dos Fundos Imobiliários tiveram quedas impressionantes. 

Essa mudança repentina de viés nos sentimentos dos agentes de mercado é que causou toda essa volatilidade, agora agravada ainda mais pelos sucessivos anúncios de “lockdowns” ao redor do mundo.

A incerteza econômica advinda disso tudo faz com que os investidores entrem em pânico e deixem de lado os fundamentos, passando a liquidar suas posições na emoção ou sendo forçados a liquidar por detonação de ordens de “stop” e pedidos de resgate dos Fundos que administram. E aí surgem as grandes oportunidades de ganhos exponenciais nos mercados da ações, tanto aqui no Brasil, como também no exterior, em especial nos EUA, um mercado mais desenvolvido e a maior economia do mundo.

A crise é séria, temos que ter muita serenidade nesse momento. Teremos impactos econômicos bastante graves, principalmente pelos efeitos da paralisação das atividades com os “lockdowns”, mas na nossa visão a magnitude dessa queda nos preços das ações das companhias de qualidade que investimos já reflete essas consequências. As bolsas até podem cair mais, mas certamente a recuperação será com a mesma velocidade e intensidade que vimos nas últimas quedas e por todas as métricas que observamos, o mercado de ações parece estar num excepcional ponto de compra.

Destacamos aqui algumas delas para reflexão:
. O múltiplo PL médio do mercado está próximo de 8X, semelhante aos piores momentos do Governo Dilma;
·  O Dividend Yield está na casa dos 5% e temos até empresas de excelência pagando dividendos na casa de dois dígitos;
·  Se considerarmos o IBOVESPA em dólares e/ou deflacionado, em ambas as situações estamos muito próximos das mínimas de 2016;
· O Índice Dow Jones está a 5% de corrigir 50% de toda a alta desde 2008, algo quase impensável há alguns meses atrás.

Estamos preocupados com o “lockdown” aqui no Brasil que se intensificará a partir desta semana, principalmente os pequenos empresários e prestadores de serviços vão sofrer bastante, muitos não conseguirão ultrapassar essa fase. Mas na nossa visão os custos econômicos de se manterem os “lockdowns” por muito tempo superam e muito os custos de se conviver com a doença. A sociedade e os governos vão acabar flexibilizando as medidas, adotando uma atitude de “social distancing” até que os tratamentos para o COVID-19 comecem a aparecer, mantendo o foco das restrições nos chamados grupos de risco (idosos, pessoas com baixa imunidade e doenças graves). As medidas fiscais e monetárias de estímulo econômico de magnitude sem precedentes adotadas pelos governos e bancos centrais do mundo todo também servirão como apoio para atravessarmos esse período. China e Coréia do Sul já começam a retomar sua atividade econômica.

Nossos Fundos Santa Fé Aquarius FIM e Santa Fé Scorpius FIA têm políticas de investimento bem definidas, com diversificação de posições e controle rígido de alocação de capital. Estamos observando o comportamento dos mercados e monitorando de perto todas as empresas em que investimos e sua performance relativa contra o IBOVESPA. Algumas posições importantes, que vinham performando muito bem antes da crise, sofreram nessa baixa por terem menor liquidez, o que acabou impactando negativamente nossa performance relativa nesse período, mas acreditamos que na recuperação, pelos mesmos motivos, elas deverão recuperar toda essa performance e voltar a  superar o IBOVESPA como antes.

Outras posições mais defensivas acabaram sofrendo bem menos, principalmente no setor de Utilities, mas agora estamos vendo a interferência dos governos estaduais nessas empresas, e optamos por reduzir e/ou zerar as posições até que isso fique mais claro. Já a posição em Petrobrás foi bastante impactada. Tanto nós como boa parte do mercado estava otimista com a recuperação da empresa desde a mudança de governo. Houve uma operação de venda de ações do BNDES pouco antes da crise, a um preço de R$30,00

por ação, que teve inclusive grande participação de investidores estrangeiros na compra, além do lucro recorde de 2019 da ordem de R$40 bilhões anunciado também dias antes da crise. Na sexta-feira as ações ordinárias da Petrobras fecharam negociadas a R$12,22 por ação. É claro que com a queda do preço do petróleo as condições objetivas da empresa mudaram, mas tanto o governo quanto a administração da empresa ainda estão sem tomar nenhuma medida para se adaptar a essa nova realidade, além das já previstas quedas no preço dos combustíveis em linha com a nova política de preços da empresa. Acreditamos que nada deve ser feito com essa posição, que hoje representa ao redor de 2,3% do PL do Aquarius e 5,7% do PL do Scorpius, antes de termos mais clareza sobre o que acontecerá no seu ambiente de atuação e quais serão as medidas adotadas pelo governo e pela empresa para enfrentar essa nova realidade.

No caso do Aquarius, mantivemos uma posição em caixa e renda fixa pós-fixada entre 55% e 60% do PL durante toda a crise, e estamos, aos poucos, ajustando nossa exposição em Bolsa conforme as condições do mercado. No final da semana passada, tendo em vista os preços altamente depreciados e os altos yields projetados, iniciamos uma posição de 3% do PL do Fundo em 3 FIIs – Fundos de Investimento Imobiliário, posição essa que pretendemos ir aumentando a até 9% do PL se o mercado continuar caindo, observado o limite de 3% do PL em cada um dos FIIs investidos. Voltamos também a ter uma posição de 3% do PL do Fundo no mercado americano, através do ETF do Índice S&P negociado na B3, porém sem exposição à variação cambial. Em momentos com esse é que a estratégia do Aquarius de manter no máximo 50% do PL em ações dá aos seus investidores uma boa proteção, permitindo que o Fundo tenha caixa para reinvestir em momentos de stress.

Já o Scorpius permaneceu comprado na nossa carteira de ações em 100% do PL durante quase toda a crise, em linha com o seu mandato, e portanto sofreu bem mais que o Aquarius. Acreditamos na excelência e na solidez das empresas que investimos e consideramos que elas sobreviverão ao pior cenário. Mas se estivermos próximos de um ponto de compra, como acreitamos que estamos, o Scorpius deverá ter uma recuperação bastante rápida e acentuada também.

Obrigado e sempre à disposição,

Equipe de gestão

SANTA FÉ INVESTIMENTOS

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