E CHEGAMOS EM DEZEMBRO

E chegamos em dezembro… Ano Novo, velhos desafios.

Mais um mês que acaba e o enredo não mudou – o outlook segue desafiador e com o mesmo tom de incertezas de todo o segundo semestre. No Brasil o último mês trouxe ainda mais volatilidade com as questões fiscais sem fim, sem soluções mais palpáveis e mudando de figura diariamente. As reformas tentadas por Paulo Guedes ficaram para depois, a inflação assustou e a corrida para o Planalto 2022 ganhou bastante momento. No exterior o aperto monetário ficou um pouco mais evidente, com falas mais duras do Federal Reserve e do ECB. E, obviamente, um adicional e que trouxe ainda mais volatilidade chamado Ômicron– a nova variante africana do COVID-19. Novembro não foi um mês fácil, com o IBOV em baixa de -1,53% e o imobiliário IFIX em -3,54% mostrando mais uma vez a aversão a risco dos investidores, resgates nos veículos de investimentos que têm mais risco e gerando certas distorções em quase todos os ativos listados.

Entramos no último mês do ano de 2021 fazendo as projeções do que esperar já para o próximo ano com uma menor confiança sobre a atividade da economia que tende a desacelerar de forma mais acentuada, projetando um PIB pequeno ou nulo, somado ainda a dados inflacionários piores e com as mesmas “velhas” incertezas do lado fiscal e político. Ativos de risco, porém, começando pelas ações listadas no IBOV, passando pelo BRL e mesmo papéis de renda fixa com preços que parecem bem distorcidos, refletindo muito de todo esse risco aparentemente exagerado e o que nos faz parar para afinar ainda mais nossas projeções de cenários, somando mais cautela e nos deixando, mesmo assim, otimistas com o que poderá vir em 2022 – temos nesse mês um provável grande IPO do NuBank que poderá mostrar um pouco disso. Obviamente, esperamos muitas promessas (populistas) dos candidatos daqui em diante, Petrobras e os preços dos combustíveis podem estar em todas as grandes pautas de discussões e assim como a mudança do Bolsa Família para o Auxilio Brasil ainda que não permanente. No exterior, vamos monitorar muito de perto o avanço do Ômicron, a redução dos estímulos do FED/ECB e se esse movimento todo será ou não inflacionário e qual a magnitude deles para os dados macroeconômicos.

Ventos ainda sem direção definida, momento de espera com cautela e relembrando uma frase famosa de Peter Marshall: “When we long for life without difficulties remind us that oaks grow strong in contrary winds and Diamonds are made under pressure”.

Publicado por Fabio Mertz Focaccia

Partner & Investment Strategist na Santa Fé Investimentos