MAIO INFLACIONADO!

Quais foram os desafios enfrentados no mês de maio de 2022?

O mês de maio foi, mais uma vez, marcado por forte volatilidade e agora mudando a famosa frase para “gain in may”. Nosso Fundo Multimercado Aquarius encerrou o mês de maio com valorização de 1% e comparado ao CDI em 1.03% – acumulando no ano uma performance acima do benchmark de 103.13% do CDI. Já nosso Fundo de Ações Scorpius fechou o mês com valorização de 2.97% e comparado ao IBOV em 3.22% – no ano acumulamos uma performance de 7.04% x 6.23% do índice. Passando pela nossa atribuição de performance, tivemos ganhos na renda fixa, advindos de nossa robusta posição nas NTNBs, que acreditamos ainda nos proporcionem ganhos na curva e também na inflação implícita, ganhos também vindos das commodities, estivemos vendidos em milho e ainda reduzindo um pouco a posição tomada nos juros americanos. Já na parte de ações continuamos bastante otimistas com o setor financeiro com posições grandes em Itaú e Banco do Brasil, somados às nossas posições em ações de Utilities. Seguimos nossa estratégia sem alocações em ações de Homebuilders, Varejo Eletrônico e ações ligadas a alimentos e bebidas. O Agro segue dando robustez às nossas estratégias e aumentamos as posições em SLC, São Martinho e Brasil Agro. Os desafios enfrentados em maio seguem a mesma tendência do começo do ano, sem mudança na narrativa e trazendo novamente o trio: Guerra na Ucrânia, Lockdown Chinês e os desafios da inflação no hemisfério Norte como temas principais e os quais explicaremos abaixo.

Quais são as perspectivas para o mês de junho de 2022?

Todo o desafio que devemos ter nas próximas semanas, passa pelo controle global da inflação, redução do apetite ao risco nas carteiras e sem enxergar o momento de mudança na trajetória dos dados. Recentemente a China trouxe uma boa notícia aos mercados, com a reabertura gradual das atividades na região de Xangai, e também dados de maior controle dos contágios em massa do Coronavírus em Pequim. Isso traz certo alívio nas projeções de mercado sobre suprimentos de semicondutores e um dos pilares do aumento da inflação e após viagem de Biden à Ásia com foco exatamente nesse item. Além disso, e importante para o Brasil, a China vem semanalmente comunicando incentivos à economia do país e tentando manter o crescimento do PIB dentro da meta de 2022 em 5.5%, com foco no setor de construção civil e também varejo, dando impulsos aos preços de algumas commodities que são importantes componentes de nossa balança comercial. Já em relação ao FED, as recentes conversas extraordinárias e nada comuns envolvendo Biden, Powell e Yellen mostram a grande preocupação do governo dos EUA em controlar a inflação exacerbada e talvez mudando, em nossa opinião, a postura dos dirigentes do FED e alinhado com nossa visão de mais abertura na curva americana de juros no longo prazo. Finalmente, na questão da guerra, pouca coisa mudou e devemos esperar que as medidas de cortes da UE sobre petróleo e gás vindos das Rússia surtirem efeitos. Já em relação ao Brasil, as eleições começam, de forma mais intensa, a fazer preço. Entendemos que sobre esse tema, a desistência de Dória não deverá mudar a já consolidada polarização de Lula e Bolsonaro para a corrida ao planalto e tudo passando também pelo controle da inflação tendo a política de preços da Petrobras como principal motivo de toda a oposição ao atual governo e com notícias diárias de eventuais mudanças nas atuais regras. Entendemos que tanto em governo A ou B, esse assunto será base de muitas discussões e com possível alteração em algumas regras – o que nos afasta de investimentos na estatal, apesar de entendermos seguir forte a geração de caixa para a empresa. Fechando a agenda do mês, temos também a privatização da Eletrobrás, que será muito importante do ponto de vista de mercado de capitais, abrindo a janela de deals e provavelmente atraindo grandes investidores globais para a operação de capitalização da estatal. Seguimos em junho otimistas com a bolsa local, altistas com correção à curva de juros e cautelosos, por enquanto com bolsas no hemisfério norte.

Publicado por

Fabio Mertz Focaccia

Partner & Investment Strategist at Santa Fé Investimentos