O CICLO DA PECUÁRIA – COMO INFLUENCIA SEUS INVESTIMENTOS

A atividade pecuária, assim como a produção de grãos, é sujeita a flutuações de preços de seus produtos decorrentes da oferta e da demanda. O fenômeno no campo da criação bovina é influenciado pelo fenômeno conhecido como ciclo pecuário e auxilia a entender a atividade como um todo.

Para compreender o funcionamento do ciclo, primeiramente deve-se fixar que quem dita o ritmo do movimento é a oferta para abate de fêmeas. Esse processo de maior ou menor abate expande ou contrai a disponibilidade de bezerros e pressiona ou alivia o preço do boi gordo e, por consequência do valor da reposição. O ciclo é composto de 2 fases: i) Acumulação/Retenção, momento no qual o pecuarista estimulado pelos altos preços praticados nas negociações dos bezerros retém o maior número de fêmeas, assim expandindo o seu rebanho e diminuindo o abate de vacas; ii) Liquidação, quando o pecuarista, em um cenário de baixa nos preços praticados pelo mercado em função da alta disponibilidade de bezerros se desfaz de suas matrizes e reduz o rebanho total. A imagem abaixo esquematiza como funciona o ciclo pecuário:

Ciclo da Pecuária

Fonte: Santa Fé Investimentos

Explicadas as idas e vindas e a dinâmica praticada no campo, o investidor deve se perguntar, mas como isso afeta meus investimentos? Basicamente o ciclo pecuário ilustra como a rentabilidade da indústria de proteína oscila e isso pode afetar diretamente as expansões e compressões de margem dos principais players listados na bolsa como JBS (JBSS3), Marfrig (MRFG3) e Minerva (BEEF3).

Do ponto de vista dos frigoríficos, a parte favorável do ciclo é o momento da Liquidação. Isso ocorre pelo fato de que grande parte do custo dessas empresas está associado à compra de animais para abate e desta forma, uma maior disponibilidade animais que leva a uma redução nos preços de bezerro e boi gordo favorecendo as expansões de margens por parte dessas empresas.

Por fim, em qual parte do ciclo estamos?

Segundo os últimos dados divulgados pelo IBGE e os indicadores do CEPEA/ESALQ-USP, pode-se concluir segundo o gráfico abaixo:

Fonte: IBGE e CEPEA-ESALQ/USP

Nota-se que nos últimos 2 anos houve um aumento significativo do índice de preços e redução da participação das fêmeas nos abates totais. Porém, em 2022 já é notado uma mudança na tendência com a redução dos preços e aumento do abate de fêmeas, fato que pode indicar uma mudança de fase no ciclo.

Compreender as relações entre os preços e o posicionamento em cada ciclo de cada um dos micro setores que compõe o agronegócio é essencial para entender como será a geração de caixa de cada empresa e consequentemente como isso se refletirá nos preços das suas respectivas ações.

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Publicado por

Gabriel Diniz Junqueira

Partner & Investment Analyst at Santa Fé Investimentos