O SETOR ELÉTRICO E O CARNAVAL

A origem do Carnaval

O Carnaval tem suas raízes nas festas de primavera que ocorriam na Europa, particularmente nas culturas romana e celta. Quando os colonizadores portugueses trouxeram o Carnaval ao Brasil no século XVII, com suas festividades e folguedos inspirados nas tradições europeias da época, a celebração começou a passar por diversas transformações.

No Brasil, ocorreu uma rica combinação de culturas indígenas, europeias e africanas, o que fez com que as celebrações carnavalescas incorporassem ritmos, danças e músicas típicas de cada grupo. Isso culminou no surgimento de estilos como o samba, que se tornaria a essência do Carnaval carioca.

A evolução do Carnaval no Brasil

No século XIX, manifestações populares, como os “cordões” e “blocos” de rua, ganharam destaque, permitindo que a população participasse ativamente das festividades e ampliando a popularidade do Carnaval.

Já no início do século XX, as escolas de samba começaram a se formalizar, especialmente no Rio de Janeiro. Essas organizações passaram a criar desfiles elaborados e competições, elevando o Carnaval a um grande espetáculo cultural e turístico.

O avanço da mídia, especialmente a televisão, fez com que a popularidade da festa explodisse, com programas de TV e transmissões ao vivo alcançando um público mais amplo, tanto nacional quanto internacional. Assim, o Carnaval se tornou uma parte essencial da identidade cultural brasileira, atraindo turistas de todo o mundo e solidificando sua posição como um dos maiores e mais famosos carnavais do planeta.

O impacto do Carnaval no setor elétrico

Diversos setores da economia brasileira são direta ou indiretamente impactados pelo Carnaval, e o setor elétrico é um deles. Regiões com intensa cultura carnavalesca, como Rio de Janeiro, Salvador e Recife, experimentam um aumento significativo na demanda por energia elétrica durante os dias de folia.

O aumento do consumo de energia

De acordo com um levantamento da Câmara de Comércio de Energia Elétrica (CCEE), houve um aumento expressivo no consumo de energia durante a quinzena de Carnaval de 2023 nos seguintes estados:

  • Bahia (+3,5%)
  • Minas Gerais (+3,9%)
  • Rio de Janeiro (+5,8%)
  • Espírito Santo (+5,5%)

Este aumento se deve, principalmente, aos setores de hotelaria, alimentos e bebidas e comércio. Além disso, o Carnaval no Brasil ocorre durante o verão, quando as altas temperaturas intensificam o uso de aparelhos de ar condicionado. O clima festivo, somado ao calor, também eleva o consumo de bebidas alcoólicas, como chope e cerveja, o que aumenta a demanda de energia para refrigeração, armazenamento e transporte.

Pressão na infraestrutura de transmissão

O pico no consumo de energia elétrica nas regiões onde ocorrem as celebrações carnavalescas colocam pressão na infraestrutura de transmissão. Esse cenário representa um desafio logístico para o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que precisa garantir a transmissão segura da energia gerada para esses pontos de alta demanda, evitando sobrecargas ou outros incidentes.

É preciso garantir que as redes de transmissão estejam conformes com os critérios de integridade de rede para evitar incidentes como o apagão de 15 de agosto de 2023, onde uma falha no Sistema Interligado Nacional (SIN) afetou o fornecimento de energia em todo o Brasil (exceto Roraima, que não está ligado ao SIN).

Riscos e segurança durante o Carnaval

Fiscalização das Redes Elétricas

Outra grande preocupação das distribuidoras de energia elétrica durante o Carnaval é a segurança dos consumidores e das redes. Durante as festividades, além dos hotéis, muitos imóveis como chácaras, ranchos, condomínios e casas de veraneio ficam lotados, tornando difícil para as distribuidoras fiscalizar todas as ligações à rede elétrica.

Segundo Fernando Freitas, gerente da Neoenergia Elektro: “O sistema elétrico é dimensionado para suportar todas as cargas declaradas ao mesmo tempo; no entanto, o efeito das sobrecargas não declaradas pode gerar danos na rede elétrica, interrupções no fornecimento e até provocar acidentes graves.”

Principais riscos e acidentes

Algumas situações de risco que podem ocorrer durante esse período incluem:

  • Ligações clandestinas à rede (os chamados “gatos”);
  • Uso inadequado de adaptadores, benjamins (T) e extensões;
  • Alterações nos quadros elétricos;
  • Manuseio impróprio de fiação elétrica, frequentemente sob o efeito de bebidas alcoólicas.

Além dos riscos de acidentes com a rede elétrica nos imóveis, as folias de Carnaval também aumentam o risco de acidentes envolvendo fios de alta tensão. Por exemplo, há o perigo de trios elétricos ou carros alegóricos tocarem nos fios, assim como a possibilidade de foliões arremessarem, intencionalmente ou não, serpentinas ou outros objetos nos fios, o que pode causar curtos-circuitos, quedas de fios ou até explosões de transformadores.

É inegável a importância econômica e cultural do Carnaval para o Brasil: para muitos brasileiros, ele representa o fim da temporada de verão e, frequentemente, também coincide com o término das férias escolares.

Embora os desafios impostos ao setor elétrico pelo Carnaval exijam atenção e planejamento, o mais importante é garantir a segurança e prevenir acidentes. Para isso, é necessária uma colaboração entre a sociedade e as empresas do setor elétrico, com a conscientização para os riscos associados à eletricidade, de forma a evitar que essa época festiva se transforme em tragédia.


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Equipe Santa Fé