Terra à vista no mar de incertezas

Nos últimos meses vimos uma montanha russa nos índices dos mercados de ativos. Certamente a volatilidade é um dos traços marcantes desta crise e é causada por incertezas de diversas ordens.

Vivenciamos uma pandemia de uma doença desconhecida até então. Nenhuma informação sobre suas causas & consequências; seu grau de extensão, muito menos sua contenção e principalmente quais as sequelas que deixaria para a humanidade.

Com tudo isto, as bolsas, no mundo inteiro derreteram! O VIX (índice de volatilidade do S&P 500), atingiu níveis recordes e presenciamos quedas livres nas bolsas nos últimos dias de Março e primeiros de Abril.

Aos poucos a realidade foi se revelando. Entendemos os Lockdown, Home Offices e os Calls. Tornaram-se rotina máscaras, álcool e lives. Finalmente aproxima-se o novo normal. Aprendemos juntos e em tempo real e este pouco conhecimento trouxe uma “calma” aparente e com ela veio um pouco mais de segurança e as incertezas foram ficando mais distantes.

Lembro do dia em que o Presidente Trump veio a público dizendo que tratava-se de um cenário muito grave e que o número de mortes estimado girava entre 50.000 e 200.000. Era certamente uma perspectiva muito ruim, mas ao menos era um número, um possível worst case scenario e, por mais que soe estranho, trouxe alguma segurança. Digo tudo isso para trabalharmos o conceito de que o que o mercado realmente não gosta é de incerteza.

Importante também foi o presidente do FED ter dito que faria tudo o que fosse possível para contornar a crise. Foi, sem dúvida, uma dose de tranquilidade, pois os investidores perceberam que não estavam sozinhos e que poderiam contar com gigantes de mãos dadas ao seu lado.

Com tudo isso, houve uma melhora nos mercados como um todo. Chegamos inclusive a trabalhar com o S&P 500 em terreno positivo no ano. A B3 veio das mínimas de 62.000 pontos par atingir os 97.000 na semana passada. Parecia um alívio.

Porém, recentemente, sentimos as incertezas rondando novamente, com as reaberturas das economias em muitos países, concomitantemente com a volta do crescimento do número de casos em alguns estados americanos e até mesmo uma preocupante segunda onda da pandemia na China. Com isso as perguntas reaparecem: haverá novos Lockdown? Quando? Como será? Quem já teve a doença está mesmo imune? A consequência não poderia ser outra: VIX em alta, não como antes, mas batendo valores elevados como 35/40 e nova onda de quedas (mais brandas) nos mercados, os chamados “ajustes”.

Aqui no Brasil também vimos esse fenômeno muito evidente no câmbio, acompanhados de boatos de que o governo mexeria no Teto de Gastos; que haveria delações dos Queiroz e novamente os mercados balançaram.

A análise desses fatos nos leva à conclusão de que não é necessária a existência da vacina ou mesmo a imunização total da população, para que os investidores se acalmem, as bolsas voltem à alta e trilhem novamente a recuperação. Basta que haja um plano claro, uma previsibilidade com plausibilidade para a descoberta de uma vacina ou mesmo um medicamento eficaz!

O que vi, no final de semana, foram alguns sinais nesta direção: Uma empresa Chinesa dizendo que havia testado uma possível vacina em 1.300 pessoas e que todas elas haviam sido imunizadas. O Brasil, que também segue com sua parceria com a Universidade de Oxford, no desenvolvimento e produção da vacina aqui mesmo em nosso país, sem mencionar Brasília, que com a aparente calma e falas mais comedidas do Presidente, já nos trazem uma redução nas incertezas.

Insegurança gera volatilidade. É preciso ter sempre um ponto de chegada e uma rota. Vamos acompanhar o dia a dia e seus fatos reais, pois não é preciso pisar em terra firme para saber que ela esta lá, o importante é ter terra ao menos, à vista!