Uma União de Amor e Marketing

O Dia dos Namorados no Brasil, celebrado em 12 de junho, é uma data que une romance e oportunidade comercial. Ao contrário de muitos países que comemoram o Valentine’s Day em 14 de fevereiro, o Brasil escolheu o mês de junho por razões culturais e estratégicas — uma combinação que fortalece o apelo emocional e o impacto econômico da data.

As Origens do Dia dos Namorados no Brasil

A origem do Dia dos Namorados brasileiro está ligada ao publicitário João Doria, que em 1948, foi contratado pela loja Exposição Clipper para aumentar as vendas no mês de junho — período tradicionalmente fraco para o comércio. A campanha publicitária criada por Doria, com slogans como “Não é só com beijos que se prova o amor” e “Amor se paga com amor”, foi um marco que deu início à tradição da troca de presentes entre casais nessa época do ano.

A escolha do dia 12 de junho não foi ao acaso: véspera do Dia de Santo Antônio, conhecido como o “santo casamenteiro”, a data carregava um simbolismo religioso, tornando a ação de marketing ainda mais eficaz.

Essa campanha foi premiada pela Associação Paulista de Propaganda e rapidamente se espalhou para outras regiões, consolidando-se como uma das datas comemorativas mais importantes do país.

O Impacto do Dia dos Namorados no Varejo Brasileiro

O impacto econômico do Dia dos Namorados no varejo brasileiro é expressivo. A data figura entre as três mais importantes para o comércio, ficando atrás apenas do Natal e do Dia das Mães. Durante esse período, varejistas lançam promoções temáticas, campanhas de marketing sazonal e coleções especiais, explorando o apelo emocional da data para impulsionar o consumo.

Além do varejo físico e digital, setores de serviços como restaurantes, hotéis e turismo também são beneficiados, com aumento na busca por experiências românticas e viagens a dois.

Segundo pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC), a previsão de vendas para o Dia dos Namorados em 2025 é de R$ 2,75 bilhões, um crescimento de 3,2% em relação a 2024.

Segmentos com maior faturamento previsto:

• Moda, vestuário e acessórios: R$ 1,1 bilhão (40%)
• Eletroeletrônicos e utilidades domésticas: R$ 800 milhões (29%)
• Perfumaria, cosméticos e farmácias: R$ 320 milhões (12%)

Desafios Econômicos e Comportamento do Consumidor

De acordo com o economista Fábio Bentes, apesar do otimismo com o crescimento das vendas, fatores como juros elevados, inflação e endividamento das famílias podem limitar o consumo. A expectativa é de um aumento de 6,3% nos preços da cesta de produtos típicos da data, acima do IPCA acumulado de 12 meses.

Ainda assim, o aquecimento do mercado de trabalho e a maior oferta de crédito ajudam a equilibrar o cenário, contribuindo para um desempenho positivo em vários setores, principalmente moda e vestuário.

Destaques da Bolsa de Valores e Tendências de Consumo

Empresas brasileiras de capital aberto, como CEA e Lojas Renner, têm mostrado crescimento significativo em 2025, beneficiadas pelo aumento no consumo e estratégias bem executadas para o Dia dos Namorados. Esse movimento reforça como datas comemorativas podem impulsionar não só o varejo, mas também o mercado financeiro.

Além disso, cresce o interesse por presentes personalizados, sustentáveis e experiências como alternativa aos itens tradicionais. Essas tendências refletem mudanças no perfil do consumidor e representam novas oportunidades para o comércio.

Conclusão: Amor, Cultura e Estratégia Comercial

O Dia dos Namorados no Brasil representa a perfeita interseção entre cultura, marketing e comportamento de consumo. Enquanto para os casais é uma data emocionalmente significativa, para o varejo é uma estratégia de vendas poderosa. Com o tempo, a data evoluiu acompanhando as mudanças econômicas, tendências digitais e o novo perfil do consumidor. Isso reforça a relevância do marketing sazonal e da compreensão do calendário comercial para empresas que desejam se destacar em datas comemorativas.

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Publicado por

Pedro Luis Figueiredo

Partner & Investment Analyst at Santa Fé Investimentos